O problema do Brasil não é a despesa, é a receita. E o poder

despesareceita

O economista André Perfeito, da Gradual Investimentos, é dos poucos que usa os números da economia como elemento de raciocínio com mais peso que a simples repetição do mantra “corta-corta” do neoliberalismo.

 

É elaborado por ele e publicado em seu facebook o gráfico aí de cima, com a sua avaliação do que ele mostra: ” Vemos na ponta que o que caiu foi a receita, não foi a despesa que subiu. Em tempo: a despesa não cresceu segundo sua tendência. Isto sugere que o ajuste vai ser no fim do dia no aumento de impostos.”

 

O trabalho de Perfeito tem várias constatações que “batem de frente” com o “diagnóstico” supérfluo que fazem de nossa economia e, sobretudo, de nossas contas públicas.

 

Não houve “explosão” de despesas públicas, ao contrário. Nem por “excesso” de programas sociais, nem por “gigantismo” de programas de investimento público.

 

O insuspeito economista Mansueto de Almeida – integrante da equipe de Aécio Neves na campanha eleitoral do ano passado (sim, a campanha eleitoral foi no ano passado, nem parece, não é?) – apresenta, em seu blog, um resumo bem esclarecedor sobre como se distribuem as despesas de custeio da União, excluídas as transferências constitucionais obrigatórias, com dados acumulados de janeiro a maio deste ano: dos R$ 312 bilhões gastos, “R$ 268,66 bilhões (88,88%) são despesas de cinco funções sociais: assistência social (LOAS, Bolsa Família e Serviço Social de Proteção Básica);  Previdência (pública e INSS); Saúde,  Trabalho (seguro desemprego e abono salarial); e  Educação”. Somando-se subsídios à atividade econômica, desoneração das folhas de pagamento (redução de impostos, portanto) e pagamento de sentenças judiciais, chega-se a 94,3%  dos gastos.

 

É claro que em todos estes setores se pode fazer economia, racionalizações e mesmo cortes.

 

Mas o gráfico elaborado por André Perfeito mostra que isso, embora deva ser feito, é gota d´água.

 

Pior: além de um certo ponto, é veneno, porque faz cair a atividade econômica e, com ela, a receita de impostos.

 

E, da capo, a mesma trágica sinfonia.

 

 

É por isso que ceder além de um certo ponto nas exigências – que são políticas, não econômicas – de cortes pesados nas despesas públicas  não é uma concessão, é um suicídio.

 

gdpConviver com deficit, ao contrário do que se apregoa, não é mortal e é assim que o mundo está vivendo, com muito maior expressão do que o 0,5% do PIB que está sendo apresentado aqui como a “morte do Brasil”.

 

Hoje, ainda, o site de dados econômicos The International Spectator publica no twitter os dados do deficit ou superávit de países selecionados. Você confere ao lado a turma “gente boa” que tem deficits muito maiores.

 

Pode-se procurar em toda a imprensa mundial e não se encontrará – senão em relação à Grécia, antes do acordo com a UE e o FMI – nenhuma gritaria exigindo zero déficit ou o “queremos superavit” que campeia aqui.

 

Pela simples razão do que o que se busca aqui não é a recuperação da economia, mas recuperar o poder.

 

Sem voto, claro.

 

 

 

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8 respostas

  1. Lembrando que aumento de imposto não representa diretamente aumento de arrecadação. Bom que se destaque a famosa Curva de Laffer.

  2. Será que a presidenta leu Piketty?…Não creio, pois se tivesse lido, não daria essa condução política para a economia do País.

    O que me causa espanto é que Dilma e o PT com todo acervo técnico-político a disposição, não constituíram após as eleições um Comitê para fazer um diagnóstico de posição, avaliando inclusive pontos fortes, pontos fracos e as ameaças, estabelecer um posicionamento estratégico e um Plano de Ação para a transição com vistas ao segundo mandato.

    A necessidade de se criar e até resgatar tributos está dada. É fato concreto. O Ajuste Fiscal proposto seria o Plano B, caso o Congresso não aprovasse a volta da CPMF e Impostos sobre as grandes fortunas. A presidenta teria, de saída, que apresentar sem medo essas propostas ao povo brasileiro. Tenho certeza que teria o apoio da maioria, pois, entre aumentar desemprego, retrair a atividade econômica e ameaçar avanços sociais, a esmagadora maioria ficaria com a primeira proposta!…

    Agora, diante da ação política errada, procura fazer o que deveria ter feito na saída, mas na base de um erro concertar o outro!…

  3. :

    : * * * * .:. 19:13 * * * * Ouvindo A Voz do Bra*S*il e postando:

    * * * * * * * * * * * * *
    * * * *
    Ley de Medios Já ! ! ! ! Lula 2018 neles ! ! ! !
    * * * *
    * * * * * * * * * * * * *

  4. O gráfico deixa claro que a receita tem que aumentar com novas fontes e outras nem tão novas assim; por exemplo; taxar as grandes rendas com nova tabela do IR, repatriar o dinheiro enviado de forma irregular para o exterior, melhoras distribuição de impostos com o mais ricos pagando mais e o pobre pagando menos.
    A comparação com outros países tem que se enfatizada pelo governo e pelo PT no Congresso.

  5. Enquanto isso universidades federais estão fechadas não por greves, mas porquê não tiveram como reabrir no 2º semestre por falta de dinheiro para despesas básicas como água, luz e telefone. O que houve com a “Pátria Educadora” de Dilma?

  6. O QUE O GOVERNO NÃO DISSE E QUE DEIXA DESESPERADOS OS OUVIDOS IMUNDOS DA oPÓsição AO BRASIL

    Com a CPMF a sonegação cairá substancialmente.
    Certo?!
    Certo!
    Ou seja, os malandros das ‘ellites’ nativas deixarão de sonegar – e, concomitantemente, os recursos advindos da CPMF serão muito mais vultosos em relação ao anunciado pelo ministro Joaquim Levy!
    Xeque-mate?!…

    Rô-Rô-Rô!
    Feliz Natal!
    E feliz Ano Novo!…

    Viva o [verdadeiro] Brasil!
    Viva o [verdadeiro] honesto povo trabalhador brasileiro!

  7. PEC 186 para combater a sonegação – vide sonegômetro !

    Quanto a CRISE econômica, esta verdadeiramente não existe, trata-se, como bem escreve Fernando, de uma ofensiva para retomar, sem o voto, o poder central.

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