Corte no Farmácia Popular, ou como envenenam Dilma com o povão

 

farmacia

 

Hoje fui comprar, na farmácia, meu remédio para diabetes. Tenho receita do posto de saúde público onde sou  tratado (muito bem tratado, aliás) e poderia pega-lo gratuitamente, o que não faço, pois acho absurdo me valer de uma política de subsídio social para a compra de um medicamento que custa (o genérico) apenas R$ 8 a caixa.

 

Lá, a balconista avisou-me que “o farmácia popular vai acabar”. Estranhei, disse que deveria ser um engano. Voltei para casa encafifado e fui pesquisar.

 

Dei de cara com a provável fonte da informação, a matéria do Extra, um jornal popular do Rio, que diz “Governo vai cortar Programa Farmácia Popular e tirar dinheiro de UPAs e Samu“.

Só quem lê, entretanto, a matéria até o final e busca outras fontes de informação é que descobre que, afinal, não é exatamente assim: ficam mantidos em toda a rede conveniada os tradicionais medicamentos gratuitos  – para hipertensão, diabetes e asma – e limitado o fornecimento dos demais aos postos de saúde e às unidades próprias do programa.

 

Em matéria de nomes: ficam mantidos o “Farmácia Popular” e o “Saúde Não Tem Preço” e  terminaria – para os medicamentos não relativos a diabetes, asma e hipertensão –  o “Aqui tem Farmácia Popular”.

 

Mesmo sendo um “corte”, observe-se o seu tamanho: 90% das pessoas beneficiadas pelo programa utilizam-se de medicamentos para os três casos que estão mantidos.

 

Não procurem estes esclarecimentos no site do Ministério da Saúde, porque não há nada por lá. Muito menos há uma nota, um desmentido, uma informação sequer.

 

Mas é – fora para a turma “do mundo da lua” de Brasília – o assunto do dia no povão: a faxineira do vizinho comentou o “fim do Farmácia Popular” ao cruzar comigo no corredor do prédio.

 

Sabem quanto é o “corte de repasses? R$ 574 milhões, 2% do pacote de cortes orçamentários proposto pelo Governo Federal. Não dá 20%, muito menos, dos programas de distribuição de medicamentos do SUS.

 

Só imbecis expõem desta maneira um governo que não tem ninguém, a não ser o povão mais humilde, como reserva de forças para enfrentar seus inimigos, especialmente armados de um arsenal de comunicação.

 

São os “cabeças de planilha”, na expressão genial criada pelo  Luís Nassif,  que, na ânsia de agradar “o mercado” – a quem tanto se lhe dá o corte seja de R$ 26 bilhões ou de “apenas” R$ 25,5 bilhões – não se incomodam em expor Dilma a este “vai acabar a Farmácia Popular”…

 

Não adianta culpar a mídia por incendiar a popularidade de Dilma se dão a ela, de bandeja, uma xícara de gasolina.

 

Chico Buarque foi profético a receitar, numa entrevista a O Globo (a meu querido Rodolfo Fernandes, sujeito gentil, morto precocemente), em junho de 2004:

“Seu apoio (de Chico Buarque) a Lula não é isento da constatação de certas falhas. Tem uma opinião curiosa sobre alguns erros de comunicação cometidos pelo governo: acha que Lula deveria criar um novo ministério. O nome do novo cargo? “Ministério do Vai Dar Merda”. Funcionaria assim, segundo Chico:

– A cada decisão importante, esse ministro seria chamado. Se o governo decide recadastrar os idosos, o Lula convoca o ministro e pergunta: “Vai dar merda?” O ministro analisa o caso, vê que os velhinhos vão ser humilhados nas filas, e responde: “Vai dar merda”. No caso da briga com o “New York Times”, era só chamar esse ministro e perguntar: “Vamos expulsar o jornalista. Vai dar merda?” O cara ia analisar e responder: “Vai dar merda”…

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15 respostas

  1. O Chico é o que temos de melhor no meio artístico. Nãoé atoa que é tão amado. Já a comunicação do governo é uma merda.

  2. O custo que o PSDB impôs ao Brasil, por Delfim Netto

    TER, 29/09/2015 – 18:56

    Do Valor

    A saída: fazer do limão uma limonada!

    Por Antonio Delfim Netto

    As votações dos deputados nas sessões da Câmara, nas últimas semanas, foram aulas práticas sobre a psicologia humana. Confirmaram a velha tese de Mencken (H.L.Mencken ­- “The Smart Set”, 1919): “Ninguém merece ilimitada confiança. Na melhor das hipóteses, a traição depende da tentação suficiente”.
    (…)

    FONTE [LÍMPIDA!]: http://jornalggn.com.br/noticia/o-custo-que-o-psdb-impos-ao-brasil-por-delfim-netto

  3. Estou fazendo uma reforma na minha casa e os pedreiros e seus ajudantes acham a Dilma um fracasso. Torcem pelo seu impedimento. Acham que ela é culpada pela alta dos produtos no mercado e de todas as corrupções apontadas pela mídia… Vê-se que o PIG está ganhando… conseguiram pichar Dilma e o PT como corruptos.
    Culpados por isso: Dilma e PT. Governo é um silencio só… a comunicação do governo e do PT são falhos (para não dizer inexistentes)…

  4. Fernando: há notícia (confirmada) que, na cidade de São Paulo, tem Postos de Saúde praticando “greve branca” nas consultas médicas dos usuários do SUS. No dia da consulta fazem contato telefônico com o paciente desmarcando o atendimento daquele dia, prometendo remarcá-la na semana seguinte. Há caso que 90 dias depois o paciente continua esperando. A desculpa é que “falta médico”. Inclusive, alguns remédios têm falta constante, sem qualquer explicação. Não sei o tamanho da tramoia, nem seus patrocinadores, mas que a finalidade é agravar a crise política, jogando a Presenta contra o Povo, disto tenho certeza.

  5. Depois o Cafezinho aponta esses problemas de comunicação e só faltam xingar a mãe dele por lá.

  6. Uma moça de minhas relaçoes familiares, ex professora alias, mas exposta ao diluvio da midia PIG, ha cinco dias atras me ligava aflita porque nao conseguia convencer a seu proprio pai a nao sacar sua Poupança do banco. Fruto de longa vida de trabalho ele estava perto de convicto de que “Dilma ia mexer na poupança”!! Porem ela propria nao estava totalmente crente no contrario, tal é o poder de envenenamento do ‘noticiario’ e diz que.diz.
    Disse curto e grosso que,desde Collor e Zelia o experimentaram nunca mais governo algum vai mexer nesse investimento do povo. E que para que os ricos fiquem tb sossegados e nao haja abalos, é necessario haver um ‘equilibrio dinamico mas verdadeiro entre a existencia e os rendimentos dos diversos tipos de aplicaçoes financeiras’. E que a poupança é o principal delas, rende pouco mas sem ela as outras desmoronam. Espero ter convencido os dois.

  7. O Governo Dilma II está desgovernado. Trocou o Mantega e mudou o ¨rumo¨do País , pois, não se muda modelo econômico do dia prá noite, sem pagar caro pela manobra. Elegeu-se com o povo e deu uma guinada em direção à elite.O Nôvo( velho) modelo é aquele que já conhecemos ,apresentado à nós pelo ¨infeliz¨do fhc. Juros estratosféricos,desemprego, e queda do poder aquisitivo. O dinheiro da Nação retirado das pequenas empresas,da educação,saúde, moradias e ¨entregue¨aos banqueiros de maneira sórdida. Na politica ajoelhou-se ao pmdb , na economia aos bancos. Que Governo é esse? Sem cara,sem voz,sem discurso e pior sem PÔVO!!!

  8. QUE FOSSE “UM CENTAVO”, NÃO PODERIA SER TIRADO DO PROGRAMA FARMÁCIA POPULAR. ENQUANTO ISSO QUANTO SE “CORTOU” DA PROPAGANDA OFICIAL NA GLOBO?? ESSE GOVERNO ESTÁ ME TORRANDO A PACIÊNCIA!

  9. A Dilma tá tão perdida que enfia espadas nela mesma. A última: Mercadante na pasta da Educação. Vai afundar mais ainda as relações de Dilma com eleitores do PT, aliás acho que o Mercadante tá aí para isso mesmo (não engole o fato – vide Marta* – de não ter sido escolhido por Lula).

  10. Tô começando à achar que isso é uma tática da imprensa/empresa/vendida: dá uma fofoca e obriga o governo à fazer o desmentido em forma de publicidade!

  11. Prezado Brito, boa tarde.
    Estou realmente impressionado com a falta de comunicação do Governo Dilma, e da própria presidenta. Penso que no mínimo 50% dessa crise política estaria resolvida, ou não se efetivaria, se Dilma conversasse com a sociedade e com o Congresso. Dias atrás os senadores do PT reclamaram de não terem sido consultados sobre a volta da CPMF, tampouco sobre os planos da presidenta sobre o ajuste fiscal. Dilma não dialoga, impõe. Sou servidor público do Judiciário Federal, e nossa luta por reposição salarial começou em 2009. Em 2010 Dilma disse que a Ministra Míriam Belchior (se não me engano) iria fazer um estudo sobre todas as categorias de servidores federais, para fim de equiparação salarial e, daí, para frente, criar um mecanismo de recomposição, evitando, assim, as seguidas perdas salariais. Não fez e, em 2012, o Governo reajustou os salários numa média de15%,cuja implantação só terminou em 2014, quando nosso salário já estava defasado em mais de 50%. Tem razão para vetar o aumento agora? Pela crise que atravessa o país, provavelmente sim. Ma por que não aumentou antes? Sequer conversou com a categoria. Ela simplesmente está ignorando o funcionalismo público, ao contrário do PT, que historicamente, sempre apoiou os servidores. Deveria enviar uma carta aos servidores, apontando os motivos do veto de nossa lei, diminuindo o prazo da proposta de recomposição salarial enviada pelo STF e comprometer-se a reaver nossa situação daqui a dois anos. Hoje, defender Dilma dentro do judiciário é correr risco de ser agredido. Vamos continuar defendendo o Governo do golpe, mas que Dilma está pisando na bola, está. Sinto muito, presidenta.

  12. Observei isso mesmo em jornais ontem,entrevistavam várias pessoas e perguntavam o que achavam do fim dos descontos em medicamentos. Quando é de interesse, a mídia dramatiza e tenta causar sensação. O pior é quando isso é feito em cima de inverdades.

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