Marcelo Auler, repórter do início ao fim, mostra em seu blog como “somem” na mídia os fatos que, com tudo para ser notícia, não “servem” aos interesses sensacionalistas.
Você leu páginas e páginas sobre Roberto Carlos deixar o vegetarianismo por uma campanha publicitária da Friboi.
Mas não leu coisa alguma sobre o fato de a empresa ter sido condenada a uma multa de R$ 1 milhão por não dar condições de segurança aos seus trabalhadores na sua unidade de Alta Floresta, Mato Grosso, por falta de um plano de emergência para eventuais vazamentos de amônia (usada para manter o resfriamento das câmaras frigoríficas).
Conheço um pouco do tema e sei que é complicada o regulamento de segurança para o trabalho em frigoríficos. Mas é necessário, sobretudo porque o frio em que se trabalha provoca perda de sensibilidade e da precisão dos movimentos. Além das paradas obrigatórias, há o fato de trabalharem, necessariamente, em ambientes fechados e sem ventilação, mais perigosos para vazamentos.
O Brasil, com seus 212 milhões de cabeças de gado bovino – menos que a Índia, apenas – tem de cuidar com muita atenção dessa imensa fonte de riqueza, que não pode ser, pelos padrões que o mercado exige hoje, tratada com amadorismo ou em abatedouros mambembes, como já foi.
Tomara que seja um episódio pontual e se resolva logo.
Há formas e tecnologia para garantir a segurança dos trabalhadores sem inviabilizar a indústria, ao contrário. Se a campanha do frigorífico, hoje, é na base do “carne de qualidade” e do “pode confiar”, quem sabe, como lembra Marcelo Auler, sem distribuir R$ 36o milhões para políticos de praticamente todos os partidos , a Friboi possa dar aos seus trabalhadores os cuidados de segurança que se exige.
O empresário brasileiro precisa aprender que o “pode confiar” começa em casa e não é custo, é investimento.
Lei ao texto no blog do Auler.
10 respostas
É Tony Ramos? Será que podemos confiar?
Bom dia,
não é a FRIBOI que esta irregular, todo frigorífico no Brasil tá igual ou pior que ele. Na minha região tem um. Ele não cumpre as normas de meio ambiente e pode não cumprir de segurança como o caso na reportagem, mas diz que esta dentro das normas. O que falta é gente para punir e mostra lá no exterior que eles comem carne não segue o padrão ambiental e sanitário de dejetos como eles acha que é.
Deixa ver se entendi direito, pois meus olhos ainda estão abrindo nessa manhã de domingo: a Friboi distribuiu 360 milhões para políticos de todos os partidos, e foi condenada a pagar uma multa de apenas R$ 1 milhão por não dar condições de segurança aos seus trabalhadores? Para “doação” a políticos tem dinheiro, para implementar segurança aos trabalhadores tem que ser cobrada na justiça (e uma multinha que não vai fazer cócegas na empresa).
Prezado Gerson: “TODOS” os partidos não. O Psol não recebe doação de firmas. Assim, não deve e tem, entre os 5 melhores parlamentares (votação dos jornalistas de Brasilia!!!) , 4 de seus integrantes. Só para seu conhecimento…
Praticamente todos então. Mas a questão principal não era essa, e sim da diferença gritante da empresa ter disponível 360 milhões para doação e ser multada em apenas 1 milhão pela justiça por deixar a segurança de seus trabalhadores de lado.
E, hoje, o escândalo é uma suposta delação de um sujeito que, por isso mesmo, vai ser solto e voltar para sua cobertura de 800 (oitocentos) metros quadrados na Barra da Tijuca. Segundo um “jornalista”, esse sujeito teria dito haver pago dois milhões de reais em despesas pessoais do filho de Lula. A ser verdade, esse filho de Lula deve ser um nababo. Quantos anos (ou décadas) são necessários para nós, pobres mortais, termos despesas pessoais nesse valor? Por aí se pode auferir a credibilidade das denúncias, do delator premiado e/ou do “jornalista”.
Digitei “auferir”, querendo dizer aferir.
Sou engenheiro de alimentos. Não há argumentos que possam sustentar uma sacanagem dessas. Segurança contra vazamentos de amônia é elementar. Isso é um crime e tem que ser punido com todo o rigor.
Confiança a uma empresa é só através do tratamento e respeito as leis trabalhista e não tratá-los como boiada . Eu ainda acho muita cara dura é de certos atores que postam a imagem de bom moço fazerem campanha para uma empresa que vem violando segurança de trabalho.
O que nivela o País por baixo, lhe roubando as necessárias evoluções que permitam alcançar maiores produtividade e competitividade, é sempre esse descaminho para a preferência pela irregularidade. Todo mundo gosta de se queixar do sofisma chamado “custo Brasil”, mas ninguém quer encarar o desafio da superação do atraso, que se expressa também na dificuldade de se observar e cumprir normas. As normas de segurança, de qualidade e de procedimento, entre outras, produzem um diferencial competitivo para todos os setores de atividades. Quando todos optam pelas boas práticas, se torna muito mais fácil para o poder publico localizar e punir quem se esquivar das regras, porém acaba sendo impraticável e ineficaz qualquer fiscalização, quando se escolhem outras opções. Isso também incentiva e eleva a prática da corrupção. Sem o comprometimento de todos, será impossível que se consiga mudar, pois isso acarreta um custo muito maior para toda a sociedade e sem o compromisso de fazer uma mudança no comportamento, não saíremos dessa situação. Não há desenvolvimento em nenhuma sociedade que não cumpre regras, onde impera o vale-tudo.