Sabe aquela grita do Estadão contra os impostos, a carga tributária escorchante, com direito ao impostômetro na primeira página, mostrando como o brasileiro está escravizado pelos impostos?
Esqueça.
Agora o Estadão chama a forte desoneração fiscal promovida no primeiro governo Dilma de distribuição de “benesses”.
O ‘Estado’ teve acesso, em primeira mão, a um estudo que quantifica o tamanho da conta. De 2011, ano em que Dilma assumiu, a 2015, os benefícios fiscais dobraram: passaram de R$ 209 bilhões para R$ 408 bilhões. No ano que vem, vão a R$ 419 bilhões.
A maior parte desses benefícios, 75% do total, é constituída pelos gastos tributários: cortes de impostos e contribuições – renúncias de arrecadação – que levam à redução da receita da União. Neste ano, em que o governo está no vermelho e ameaçou não pagar até as contas de água e luz, serão R$ 309 bilhões que não vão entrar no caixa.
E quais são as renúncias de arrecadação mais importantes no Brasil?
Bem, uma delas é a que permite descontar médicos, planos de saúde, internações e outros tanto de pessoas físicas quanto de empresas que proporcionam isso aos empregados, além de tirar impostos de remédios e da indústria que os fabrica. Coisa aí de R$ 20 bilhões por ano.
Será que o Estadão vai defender o corte ou a limitação dos descontos de assistência médica no Imposto de Renda de Pessoas física e jurídicas? Ou, quem sabe, um IPI nos remédios da vovó?
Ou vamos acabar com as “benesses” das renúncias fiscais na educação (desconto no IRPF, entidades escolares sem fins lucrativos, livros técnico-científicos e transporte escolar) que devem andar aí na casa dos R$ 10 bilhões? Eram R$ 8 bi, em 2013.
Quem sabe se arranja algum taxando os depósitos nos Fundos de Aposentadoria privados, isentos até 12% da renda bruta no IR?
Some aí mais R$ 50 bilhões de renúncia do Simples, que permitiram a legalização de milhões de micro e de pequenas empresas. E de algumas médias, porque o empresariado sempre exigiu aumento dos limites de enquadramento, como você pode ver aqui, nesta nota da Fiesp, a entidade que promove o impostômetro e mais grita contra impostos no Brasil.
Não tenho o número exato, mas há cerca de mais R$ 100 bilhões/ano de renúncia proveniente da redução dos encargos previdenciários de empresas, que passaram a recolher sobre o faturamento em lugar de recolher pelo valor da folha de pagamentos, como forma de estimular a manutenção do emprego e das isenções de PIS/Cofins para a mesma finalidade.
Que há exagero nas desonerações não existe a menor dúvida. Inclusive em algumas outras, que incidem em ganhos de capital. Não há sentido em – já que não sobe a alíquota – permitir abatimentos sem limite ou com limite estratosférico em educação, saúde e previdência privada para quem ganha R$ 200 mil, R$ 300 mil ou mais por ano, em salários, rendimentos e ganhos de capital . Mas mesmos estes, cortar seria tirar um quase nada do volume de renúncia fiscal.
E houve também erro em tornar algumas, transitórias, em permanentes, em lei sancionada no final do ano passado, aliás, pelo sr. Michel Temer.
Mas, das duas uma: ou se grita contra a carga tributária ou contra as desonerações fiscais que atingem as empresas e a classe média.
Não podem é ser hipócritas.
Ah, em tempo. A matéria revela grossa ignorância ao dizer que as “benesses” são uma caixa preta. Elas são bem detalhadas, por obrigação legal, na Lei Orçamentária. Se quiserem, basta consultar a lista, aqui no site da Receita Federal.
12 respostas
Matou a pau.
Só discordo que chamar os benefícios de “caixa preta” sejam grossa ignorância do estado de coma. É canalhice mesmo!
Nada como o bom jornalismo para desbancar a hipocrisia do Esgotão!
Vamos tirar também benesse do papel imune, em que jornais e revistas (e tbém editoras de livros) se locupletam constitucionalmente. Como se pode ver na pág 17 (comunicações), em 2013 foram 61 milhões de isenção de impostos. Papel – Jornais e Periódicos
61.288.487; em 2013 – Comunicações Papel – Jornais e Periódicos 63.724.184; contra 39 milhões em 2003: Máquinas e Equipamentos – Papel Jornal
39.330.607.
No período de 2011 a 2014 foram R$ 367.852.118
Eu vi, Angela, mas sou um cara piedoso….
Porque estes larápios da mídia NUNCA, JAMAIS falam nada sobre o 8.5% do PIB pagos de juros ao rentistas?
O que ele querem é que o governo corte os gastos sociais para pagar ainda mais juros aos rentistas.
Não passam de bandidos.
Michel temer, traidor da pátria, traiçoeiro e golpista.Quem na sua sã consciência, seguiria um líder destes?????
Nem o dono , o editor ou o chefe de redação conseguem ler esse panfleto, que eles mesmos devem chamar de lixo e usar para forrar casinha de cachorro,gaiola de papagaio ou o chão em dia de pintura.
e sobre a isençao de imposto de renda na distribuiçao de lucro ou divdendos de sempresas?
ou sobre a nao incidencia de ipva em jatinhos e iates?
eesas sim, renucias de receita que a midia nao fala.
Cadê a bic… louca da alissa e outra, a klausia ? Sempre prontas a meter o bedelho onde não são chamados.
Acabaram de ser chamados…
Tijoleiros x “coxinhas” , uma relaçao de amor e odio!!!
Ignorância ou canalhice, benefícios fiscais só podem ser concedidos por lei e a lei não pode ser secreta!