Direito de resposta não é ataque, é conquista do jornalismo

vasques

Gabriel Priolli é jornalista para ninguém botar defeito. Ex-Folha, Estadão, Época, Carta Capital, Jornal Nacional, Bandeirantes, Record e até Veja, quando se podia entrar lá com cérebro.

Hoje, ele presta mais um serviço ao jornalismo, com seu artigo na Revista Imprensa, que acaba com o chororô de muita gente medrosa, que acabou fazendo coro ao patronato, atacando a nova lei de direito de resposta.

Priolli faz o exercício de democracia e humildade que um sistema de mídia de “partido único” – ao qual mmuita gente “entrega a rapadura” intelectual e defende a naturalidade do princípio de ouvir o outro lado.

Ouvir e deixar falar, mesmo quando ele diz o que a gente não quer e deseja falar por sua própria boca, não pela nossa.

Humildade goela abaixo

Gabriel Priolli, na Revista Imprensa

Nesta virada de ano, finalmente, há o que celebrar, no que diz respeito à imprensa. Depois de quatro anos de tramitação, com mais protelação do que propriamente debate, foi finalmente aprovado o projeto de lei do senador paranaense Roberto Requião (PLS 141/2011), que restaura o direito de resposta no ordenamento legal da comunicação brasileira.

Como se sabe, esse direito foi suprimido em 2009, quando o Supremo Tribunal Federal revogou a Lei de Imprensa editada em 1967 pela ditadura civil-militar. As pessoas eventualmente atingidas pelo noticiário ou comentários da mídia passaram seis anos sem um instrumento específico para se defender. Agora, o mercado será regido pela Lei Ordinária 13.188/2015 e isso é algo a comemorar, por todos que desejam uma imprensa livre e vigilante, mas também isenta, justa e responsável. A começar de nós, jornalistas.

Exatamente por essa lei nos recolocar na civilidade e na boa prática internacional, em matéria de relações da imprensa com a sociedade, chamou atenção a má vontade com que o projeto de Requião foi recebido pelas empresas de mídia e o mau humor em noticiar a sua aprovação.

Não se chegou a levantar contra o direito de resposta o argumento corriqueiro e farisaico do “ataque à liberdade de expressão”, usado sempre que algum assunto envolva regulação midiática. Mas fez-se o possível para barrá-lo, ostensivamente, sem consideração ao fato de que todos os lados da relação informativa – os veículos, suas fontes, as pessoas citadas nas matérias e o público que consome o noticiário – merecem e devem ser protegidos pela lei, sem qualquer desequilíbrio ou privilégio.

Não vai bem da saúde mental uma imprensa que se sente constrangida, de alguma forma, com o instrumento do direito de resposta, e que apresenta a nova lei em tom de lamúria. Sobretudo tendo convivido com esse direito por mais de quarenta anos, sem ser tolhida em nada na sua liberdade de ação.

Todo veículo que pratica o jornalismo com seriedade e tem certeza do rigor de seus procedimentos, da acuidade com que apura e do bom senso com que noticia, não tem nada a temer de ninguém. Apenas se fortalece moralmente quando respeita o direito de qualquer um de contestá-lo, se julgar que foi prejudicado.

Mas, nesses tempos sombrios, em que a imprensa fraqueja em seu papel de mediar os conflitos sociais com informação isenta e debate equilibrado dos temas polêmicos, o legado ético da atividade é facilmente esquecido, nas redações e diretorias. Ou, pior, é manipulado, para ser usado apenas se e quando for conveniente aos interesses econômicos ou políticos das empresas jornalísticas.

Restaure-se, pois, a humildade, ainda que por força de lei. Ser um “quarto poder” mais forte e mais legitimado socialmente do que os outros três, com autoridade moral para vigiá-los e criticá-los, já é potência suficiente para uma imprensa séria. Dispensa qualquer adicional de soberba e prepotência.

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5 respostas

  1. A anj comemora decisão do Dias Toffoli que suspendeu, nesta quinta-feira (17), em caráter liminar, artigo da Lei de Direito de Resposta que exigia deliberação colegiada de desembargadores para barrar eventuais decisões de primeira instância favoráveis à publicação das respostas pelos meios de comunicação (Esse Toffoli deu para aparecer sempre do outro lado). Segundo a mesma matéria, duas outras ações de inconstitucionalidade foram impetradas. Eles querem poder pleno para atacar a reputação das pessoas impunemente.

  2. A esquerda no Brasil não tem voz e é desligitimizada, é igualada a bandidagem. A notícia só tem uma face da moeda, jamais o outro lado é ouvido. Faz parte do jogo político da direita uma imprensa partidarizada e um judiciário atrelado aos mesmos interesses. Dirceu está no calabouço ,trancafiado pelo Joaquim e Mouro, sem permissão de ser visitado pela família no Natal e ano novo, quando isso é concedido aos piores bandidos, porque ousou quando Ministro apresentar uma proposta de lei de imprensa no congresso.

  3. A incrível história de Jardel ( seleção Brasileira) hoje deputado do RS- O que são os partidos da DIREITA.
    Ao se manifestar pela cassação do deputado Mário Jardel (PSD), na tarde desta terça-feira, perante a Comissão de Ética da Assembleia Legislativa, o corregedor da Casa, deputado Marlon Santos (PDT), disse que o parlamentar é produto de um esquema que teria sido criado pelo partido antes mesmo de sua eleição.
    Para Marlon, o PSD vinha sustentando contas pessoais de Jardel durante o ano de 2014 e, com a conquista do mandato, teria migrado para dentro do parlamento processos de obtenção de receita para pagamento deste tipo de despesa. O corregedor também registrou, em seu parecer, que a situação de Jardel é “uma piada”.
    Marlon pediu a cassação do ex-atleta por falta de decoro parlamentar, por improbidade administrativa e por financiamento e associação ao tráfico. Sobre o comportamento de Jardel no parlamento, o corregedor descreveu:
    “A conduta indecorosa em Plenário, bem como o desmazelo do Parlamentar nas comissões, certificam que seu agir é eivado de falta de lucidez plena. Resta ser usada a razão e a crítica, hoje acompanhadas pela denúncia ministerial, e fazer vir à tona aquilo que parecia, mais cedo ou mais tarde, ser inevitável, que é buscar a posição do Parlamento diante da postura de Jardel”.
    O corregedor apresentou aos demais deputados da comissão a cópia de um e-mail que, na sua avaliação, reforça a suspeita de que o esquema de desvio de receitas do gabinete foi articulado pelo partido. No documento — que segundo Marlon foi enviado de um email oficial do PSD para uma empresa contratada por Jardel para cuidar de seus assuntos pessoais e, posteriormente, enviado ao próprio deputado — constaria uma planilha de despesas pessoais de Jardel e de familiares, datadas de 2014.
    — É uma lista de despesas e receitas que devem ser geradas. Parece ser uma lembrança do que precisa ser pago. Mostra que vinham pagando contas e que isso migra para dentro da Assembleia — sustenta Marlon.
    O corregedor registrou em seu parecer que Jardel é “mais vítima do que vilão, se notabiliza na assembleia por ser alguém sem maldade, mas propenso a influências e discrepâncias de toda a ordem.”
    — Esse episódio é marcado pela questão das drogas. Está claro que Jardel é incapaz para algumas coisas e, portanto, muito suscetível. Na cabeça dele tudo é uma brincadeira. Ele é débil por causa da droga, mas sabe o que é ilegal — diz Marlon.
    O corregedor disse que o fato de apontar Jardel como incapaz para determinadas coisas — como para rotinas do trabalho de parlamentar — não significa que ele não tivesse consciência de seus atos.
    — Por ser motivo de chacota, muitas vezes se sente pena de ver que alguém de tanto valor e história, hoje se debate, destruído pela droga, numa variante entre falta de discernimento e jogadas de espertalhão, alternado entre o fato de ser uma autoridade e um aproveitador mesquinho, conforme demonstrado na denúncia — destaca trecho do parecer da corregedoria do parlamento.
    No relatório, o corregedor também fez críticas à defesa de Jardel, por tentar desqualificar os dois ex-servidores que fizeram denúncias, e ao Ministério Público, que teria dado excessivo valor ao fato de uma servidora do gabinete ser, supostamente, prostituta. Marlon disse que não conseguiu verificar se havia mesmo casos de funcionários fantasmas no gabinete de Jardel.
    A partir do relatório de Marlon, a Comissão de Ética vai instaurar, em 3 de fevereiro, uma subcomissão, composta por três integrantes do colegiado, que terá 10 sessões legislativas (cerca de um mês) para elaborar um novo documento propondo arquivamento da denúncia, perda ou suspensão temporária do mandato do deputado. Depois, o relatório será votado pela comissão e, se aprovado, é encaminhado para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Lá, os parlamentares terão outras cinco sessões para votar o relatório que, sendo aprovado, vai a julgamento no plenário.

  4. A imprensa que ataca o direito de resposta quer manter o seu “sagrado” direito de mentir, difamar, inventar e fazer o jogo sujo.
    Além do mais, morre de medo de perder o dinheiro que ganha com tais práticas.
    O termo jornalismo não é aplicável na maior parte de suas ações.

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