Passamos um ano nada inspirador.
Vimos o governo que o povo elegeu adotar políticas que o povo não escolheu, embora sejam compreensíveis as dificuldades de enfrentar um ciclo econômico adverso em todos os sentidos: perdas recordes nos preços dos nossos principais produtos de exportação – ferro e soja – e no valor do barril de petróleo, combustível do pólo mais dinâmico de nossa economia, a Petrobras, já abalroada pelas encrencas de corrupção que ali se desenvolveram, tanto as reais quanto as sombras que dela o oportunismo político projetou.
Assistimos, também, ao resultado do processo de “despolitização da política” iniciado em junho de 2013 com ares vanguardistas e que se transformou num tresloucado fascismo, na negação da delicadeza e do pensamento humanista, como ficou tão tristemente simbolizado nas provocações de rua a Chico Buarque por um bando de playboys que, nos “bons tempos”, se limitavam a ir esbanjar em suas noitadas, desfilando com seus automóveis de luxo e suas mulheres de vitrine.
Sob o aplauso de uma imprensa, como sempre, conservadora e, como nunca, marcada pela covardia e cumplicidade ideológica dos jornalistas com o patronato, presenciamos outro fenômeno desta despolitização: a sua “policialização”.
Delegados, promotores e até alcaguetes viraram os protagonistas da política, os donos das manchetes e das verdades. Todos os dias é evidente o propósito político e hoje também não foi diferente, com a revelação de que, no interrogatório de um “fazedor de negócios” primário, como este Bumlai, tenta-se dezoito vezes (!!!) envolver Lula nos seus trambiques e não-trambiques.
Vimos ainda um escroque, um psicopata que invoca a Deus mas adora o Dinheiro, tomar conta do parlamento brasileiro para fazer seus negócios, apoiado e alimentado por quem não consegue fazer o que deveria ser o seu negócio: chegar ao poder pelo voto e não pelo golpe.
No entanto, nesta lista deprimente que poderia se estender por páginas – se ainda houvesse páginas… – deveria haver um preâmbulo.
Até aqui, sobrevivemos.
Embora algo pleonástico, porque sobreviver é sempre até aqui, é tudo. Ou quase tudo, porque além disso, melhoramos, se é que que se pode chamar de melhorar resgatar alguns anos da pobreza e da injustiça secular em que mergulharam o povo brasileiro.
Os que mandaram sempre querem fazer crer que os que fizeram sobrar um pouco, muito pouco, para os que nunca tiveram nada são os culpados por todos os males e mazelas. Foram eles, não o povo ou a esquerda que nos deixaram tão longe do “padrão Fifa” – ah, que peças prega o destino! – dos cartazes com que foram às ruas, fingindo-se generosos quando apenas cobriam os dentes e as garras de quem sempre viveu naquele padrão.
Como, pela agressão estúpida a um dos símbolos do pensamento do tempo em que artistas e intelectuais brasileiros amavam o povo brasileiro – e a ideia de um Brasil onde ele coubesse e imperasse – este virou o “Natal do Chico”, pego emprestada dele uma música, composta com Vinícius de Moraes sobre um antigo choro de Aníbal Sardinha, o Garoto, feita ainda quando os discos eram de vinil e sentimentos macios.
E que a crédula oração de um incréu possa unir nossa esperança que o Brasil, um dia, possa ser uma casa para todos os seus filhos, onde esteja escrito em cima que ali é um lar.
28 respostas
Nassif desmascara o procurador militante (mais um!) do TCU:
http://jornalggn.com.br/noticia/o-procurador-militante-do-tcu
Um feliz natal a todos do blog em especial ao Fernando Brito, por ter construído com sua inteligência expressada em textos magníficos , diante deste deserto da Mídia brasileira , um oásis de resistência democrática. Também a solidariedade aos militantes políticos que estão trancafiados na prisão do Moro enquanto espertalhões e golpistas estão livres e soltos usufruindo aquilo que furtaram.
Visitando as celas dos presos lava jato,que estão ali a meses,o promotor é assediado por todos.Um vem e diz:Doutor tenho uma coisa pro Sr…-O quê você tem aí? Tenho Alstom do propinoduto Tucano.Cara de sério o promotor diz um não,não quero.Outro vem e diz ter uma sobre a propina do Sérgio Guerra.Não quero!!! Outro tem Furnas do Aécio,outro tem novas notícias sobre Anastasia,sobre Agripino,sobre Instituto FHC,sobre as doações legais do petrolão para o PSDB,sobre o avião do PSB.Todos recebem sonoro não,não vem ao caso.Já de saída aborrecido e decepcionado,um espertinho manjando a parada diz que tem uma do Lula.Diz aí meu caro.Fiquei sabendo num bate papo de boteco,só não lembro a cidade que um vizinho de um petista soube que o diretório Municipal da cidade recebeu uma doação de R$ 100,00 que não foi contabilizada.Passa os dados para minha taquígrafa e dirija-se à portaria.Pode ir embora…Chama a GLOBO,liga prá VEJA…
Feliz natal Brito e sua equipe…….e para todos os comentaristas que aqui expressam suas concordias e discordias afinal e a familia brasileira…
Minha equipe, Titus, infelizmente, são o Fernando, o José, o Nogueira e o Brito. E eu, Fernando José Nogueira Brito, a coordenar todos eles, estes rebeldes incorrigíveis
Deve ser uma encrenca repartir a grana do patrocínio estatal.
Consegue um pra mim, Marco…
Galhofa, Fernando! Há tanto “patrocínio estatal” quanto equipe para “repartir”. Abraço.
Brito, a gente nao se conhece nem nunca se viu ou sentou numa mesa para jogar conversa fora, falar de política, experiencias na vida….mas isso nao importa. Te considero um amigo querido, uma pessoa que tem o que dizer e contribuir, afinal, entro aqui, amigo, todos os dias para ler o que voce escreve, saber a sua opiniao sobre esses nossos dias. Leio, reflito e mil pensamentos e idéias passam na caixola. Tem sido muito bom isso.
Comento, exponho o que eu penso; as vezes pego até meio pesado nos comentários porque tem dias em que a gente nao consegue segurar a indignaçao,e a tristeza em assistir tanta loucura se manifestando à luz do dia como tem sido nos últimos tempos. Uma deformaçao social que entrou em evidencia, uma pobreza ou miséria humana que esteve velada mas resolveu sair das sombras e desfilar na cara de todos e em todos os lugares. Aqui em sampa nunca vi tanta hostilidade e intolerância como nos últimos meses, na verdade, a coisa pesou mesmo durante e depois da campanha eleitoral de 2014, que infelizmente parece ter vindo prá ficar. Pena isso.
Obrigado por voce estar à frente do Tijolaço e oferecer a partir daqui um bom combate, amigo. Temos que passar por essa vida e deixar a nossa contribuiçao, e é isso que voce fez e está fazendo até hoje.
Como nao sou católica e nao ligo à mínima para datas comemorativas, mas muita gente liga, deixo aqui os meus votos para voce de que essa reuniao típica de comemoraçao natalina em família e/ou como seus queridos, que ela seja tranquila e harmoniosa.
É isso..
Um abraço !
Prezado Fernando, faço votos que continue assim e melhorando sempre. Felicito-o e agradeço muitíssimo pelas excelentes informações que armam a mim e a toda a militância de esquerda para o embate diário contra as forças da direita e do capital.
Porém ao ler o texto acima, fiquei com uma dúvida sobre a clareza da frase abaixo:
“Os que mandaram sempre querem fazer crer que os que fizeram sobrar um pouco, muito pouco, para os que nunca tiveram nada são os culpados por todos os males e mazelas que nos deixam tão longe do “padrão Fifa”.”
A meu ver está faltando algo na frase ou é uma questão de pontuação. Não quero ser chato, nem pedante, até porque sou péssimo em português, principalmente em pontuação, pois me atrapalho todo com as vírgulas.
No entanto, quando li esta frase me chamou a atenção porque do jeito que está escrito, tu pareces duvidar de que seja verdade de que os verdadeiros culpados pela miséria dos que nada tem sejam os que sempre mandaram e seu que tu queres dizer exatamente o oposto.
Não tome como uma crítica, pedantismo ou preciosismo tão típico dos nossos coxinhas que na ausência de argumentação política buscam menosprezar o adversário político, é apenas um/a hábito/mania de quem lê com atenção. Saudações.
é exatamente o contrário. E quando não entendem o que se diz, a culpa é de quem diz, que não o fez ficar claro. Portanto, é minha. Vou reescrever para que não possa dar esta leitura a alguém. Obrigado e jamais se acanhe em criticar ou corrigir.
Obrigado, Titus.
Muita harmonia e paz aí nesta noite de reuniao com os seus.
Valeu!!!!
Abraço!
Felicitações blogueiro e equipe até mas tarde. Abraços.
Bumlai não tinha o “aval” de Lula???? Não diga…
… Os taradinhos do golpe e os vagabundos que insultaram o gênio Chico Buarque de Hollanda são também racistas!…
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O racismo em voo da TAM
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
https://www.youtube.com/watch?v=acx5t1rDhBI
FONTE [LÍMPIDA!]: http://altamiroborges.blogspot.com.br/2015/12/o-racismo-em-voo-da-tam.html
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: * * * * 04:13 * * * * .:. Ouvindo A(s) Voz(es) do Bra**S**il e postando:
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Por uma verdadeira e justa Ley de Medios Já ! ! ! ! Lula 2018 neles ! ! ! !
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Brito, bom Natal para vc e família e obrigado por nos manter lúcidos com seus posts.
Vimos também o STF criar regra própria pró processo de impeachment pra defender o mandato de Dilma Rousseff.
STF não criou regra alguma,apenas fez valer aquilo que está na constituição que os golpistas(estes sim,criaram regra própria pro processo de impeachment) queriam rasgar.
Você, alguma vez na vida, leu a nossa Constituição?
Tem certeza que o rito do impeachment é norma constitucional?
Ou será norma infraconstitucional?
Ou você está, como papagaio de Pirara, repetindo o que os blogueiros estatizados te disseram?
Quanto a última frase de seu paragrafo,apenas mostra o tamanho de sua arrogância e prepotência.
(além de precisa refazer umas aulinhas de gramática)
O que os blogs recebem de publicidade federal é uma quantia ínfima,perto das vultosas quantias que a grande mídia recebe pra ficar pregando golpe o tempo todo….
E ninguém aqui é papagaio de pirata,rapaz. Temos pensamento próprio e senso critico,se considerarmos algo equivocado dos blogs,iremos manifestar livremente,com respeito. Sem partir pra ofensas e xingamentos e muto menos,desqualifica-los.
Já que o meu comentário anterior não foi publicado ainda,vou por aqui uns trechos dele,a respeito da indagação(bem mal-educada,desrespeitosa e grosseira) do sr. Alisson de eu ter lido ou não a Constituição Federal:
Seção III
DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
I – autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado.
Seção IV
DO SENADO FEDERAL
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I – processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)
Trechos tirados da própria Constituição Federal.
a velha ideia imbecil da direita de que o povo elege para uma coisa e o eleito faz outra. Nunca ocorre isso, pois o povo é sábio e elege não pelo que o cara promete, mas pelo que exatamente fará
Primeiro, desculpo-me pela brincadeira mal compreendida que fiz em outro post. Quis dizer apenas que quem agride ao Chico Buarque a na rua, talvez seja capaz de confundi-lo até mesmo com o Papa. Fui infeliz. Alguém me xingou pra valer.
Mas, queria agradecer ao Brito por manter este espaço e ser democrático ao extremo, dando a todos a chance de se expressar, mesmo que de forma infeliz às vezes. Independente de fechar com tudo que se comenta aqui, parabenizo pela seriedade com que se analisam os temas e pelo serviço prestado à sociedade quanto ao direito à informação e à verdade que tanto nos foi negado. Desejo a você e a todos aqui, o mínimo do mínimo: Paz. Sem ela sabemos que nem o máximo vale à pena.
A despeito direito a desejá-la, no entanto, não posso dizer que tenho esperança. Não enquanto a anti-paz cotidiana estiver disseminada em nossa sociedade a tal ponto que o simples desejo por ela – pela paz – parece ser um acinte ao senso de realidade, uma bobagem descabida tão fantasiosa quanto o Papai Noel. Ano passado, no final do ano, perdi um sobrinho. Um trabalhador morreu prestando socorro a uma família com carro quebrado numa rodovia. Foi atropelado por um policial bêbado. Não houve Natal.
Este ano, dia 23, um amigo próximo teve o filho baleado durante um assalto. Seu presente for ter o filho vivo. Está na U.T.I., mas passa bem (?). Aqui, o festão na rua por parte do “Movimento” colocou a maioria presa dentro de casa, fazendo a ceia, nas catacumbas. Tentando se lembrar de quem nasceu e porque nasceu. Voltamos ao cristianismo primitivo e isto foi bom. A reza foi por saúde, por liberdade, por paz, por proteção. Presentes, claro. Mas, não sem o ressentimento de que algo falta. De que muito falta.
Faço, então, um apelo: percam a esperança! Não é mais o momento de esperar. É o momento de construir, de romper, de sentir a dor e unir-se nela. Coloco-me solidário à Dilma, ora bolas. Sei o que é viver cercado, fazendo concessões a quem não merece seu respeito, tentando burlar o medo e próprio ódio, esforçando-se pra não perder a cabeça e aceitar de uma vez a provocação que nos é feita diuturnamente.
Eu me recuso a ser mais um. Recuso-me a querer chacinas. Recuso-me a aceitar a violência como solução única. Recuso-me a comungar minha ceia e meu espírito com quem tenta provar que somos todos nós, perdoem-me a expressão, a mesma merda. Mas, pra isto fazer sentido, é preciso que todos que negam esta cultura maldita, se sintam igualmente vítimas e aceitem que certos valores em nada podem nos beneficiar. O Cristo não era um covarde. Nunca foi. Enfrentou com ardor tudo que poderia manter as estruturas de opressão. Ele enfrentou o mal que há dentro de cada um de nós. Ele não aboliu a raiva, ele não extirpou a indignação, não pediu submissão à injustiça. ele apenas ensinou a dizer não a tudo isto.
Acredito que nesta parábola recente na qual estamos inseridos, somos todos filhos pródigos. Torramos nossos talentos com futilidades. Abusamos de uma liberdade que nunca antes tínhamos experimentado. Deixamo-nos levar pelo brilho dos egos e do desejo de ruptura com o passado. Mas, o fizemos sem nos darmos conta que nem tudo que é passado é desnecessário ou superável.
Temos que perder a esperança pra conquistarmos a maturidade. A sociedade, um a um, precisa buscar o retorno.
Eu descobri que utopia é o que elegemos inalcançável e, em sendo, apenas a vislumbramos sem o compromisso de realizá-la. Quanto mais perto estamos, mas jogamos a linha adiante. Acho que o Nazareno não nos deu a promessa de alcançar o reino, mas de senti-lo. Não há o que alcançar, há o que viver.
Desculpem-me, quando disse: “ele apenas ensinou a dizer não a tudo isto.” Estava me refrindo a tudo que nos gera a raiva, a indignação e o sentimento de injustiça”. Claro, a arma dele foi justamente o furor de nossa alma contra a quebra dos princípios básicos de boa convivência e de paz. Boas Festas!
Muito bacana o texto do Edgar Rocha, parabéns!!
Paz e alegria, colega. Não desejo felicidade nunca porque não faço apologia às drogas. (kkk) Boa luta.