A voz do dono só fala forte quando a mente passa a ter dono

victor

Mais um absurdo de Eduardo Cunha, a censura na TV Câmara às falas dos deputados que o criticam.

Absurdo, embora nada surpreendente em alguém que se porta não como presidente, mas como dono da casa legislativa.

Há uma esquisita explicação dos responsáveis pela TV Câmara, alegando que, como Cunha não respondera aos deputados na sessão da Câmara em que ouviu o que merecia, “não houve contraditório”, daí o corte nas falas de seus críticos.

Uma baboseira, apenas fez-se a vontade do chefe.

Só que a matéria de O Globo, adiante, faz o mesmo.

Diante de mais uma queixa de Cunha sobre o que a Globo faz com ele, “alguém” responde no texto:

“Procurado pelo GLOBO, Eduardo Cunha disse estranhar que o Grupo Globo se preocupe com as matérias da TV Câmara, quando, segundo ele, as reportagens da TV Globo sobre seu envolvimento na Lava-Jato dão mais espaço a ataques de seus adversários.

As reportagens sobre o parlamentar, assim como todas as outras exibidas na TV Globo, zelam pelo equilíbrio e pela isenção jornalística.”

Ah, sim, as matérias exibidas na TV Globo são isentíssimas….

É, o ano começaria divertido com uma frase desta, se nela não estivesse contido um drama, muito bem retratado no ensaio do excelente  Pernambuco, “O cinismo da liberdade de imprensa”, do qual reproduzo um trecho:

Jornalistas sempre tiveram dificuldade em se assumir como trabalhadores. Mas, em outros tempos, tinham alguma clareza sobre as relações de hierarquia enganosamente disfarçadas por meio da aparente informalidade no convívio profissional. Afinal, não são todos jornalistas?

Sim, são todos jornalistas, e isto é o que geralmente escapa quando se critica a “grande mídia”: não se trata de uma estrutura à parte, mas de uma engrenagem movida por jornalistas, que submetem outros jornalistas.

“Nós fazemos o jornal do fulano de tal e ele quer essa matéria na primeira página todo dia”, disse certa vez um chefe de reportagem a um perplexo repórter – e o tal do fulano nem era o dono do jornal, mas um simples chefe de redação, talvez mais realista que o rei. Tratava-se de uma pauta artificialmente sustentada para servir de arma durante a então campanha eleitoral para governador do Rio de Janeiro, em benefício do candidato da “casa”, afinal vitorioso. Foi em 1986, mas poderia ter sido hoje: por mais que a prática do jornalismo venha se transformando radicalmente nos últimos anos, as relações de poder permanecem intactas. E, vez por outra, afloram com essa clareza sem cerimônia nem subterfúgios, absolutamente reveladora da maneira pela qual as coisas funcionam num jornal.

De minha parte, como sou antigo nisso, sei que tinha razão o Graciliano Ramos ao dizer que de “liberdade completa ninguém desfruta” e, por igual, também não há opressão absoluta.  O patrão pode nos “roubar” o texto em quase tudo, pode nos calar a voz em algum grau, não em todo e em toda parte.

O problema – e que está se tornando cada vez mais frequente – é quando não entregamos ao patrão só nossos textos, entregamos as nossas mentes.

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4 respostas

  1. Se o povo brasileiro nao se inteirar da geopolitica corrente, seudestino sera a escravidao eterna!
    GOLPE DA DIREITA VEM A GALOPE
    Como sempre, não se deve nunca descuidar. O império de Tio Sam estará sempre preparando armadilhas contra AméricaLatina.
    Afinal, os americanos nunca deixaram de considerar esse pedaço do mundo o seu próprio quintal sobre o qual se julgam no direito de ditar regras que se não cumpridas justificam ações corretivas, na base do porrete.
    Não renunciarão nunca a essa propensão à agressão que nunca se desarma.
    Estarão sempre de prontidão, como demonstra a operosidade permanente da
    Quarta Frota Naval americana nos mares do Atlântico Sul.
    A arma central de Tio Sam é dividir para governar. Em casa dividida fica mais fácil impor a dominação.
    Essa é a lição que os latinoamericanos ainda não aprenderam inteiramente, mas que a luta de classe vai ensinando como aprendizado fundamental a ser alcançado.
    Sua absorção sistemática será naturalmente dada pela mobilização política, especialmente, quando se vê que os discípulos de Tio Sam, quando conseguem chegar ao poder, como acaba de acontecer, na Argentina, tomam providências aceleradas de caráter conservador,
    reacionário, antinacionalista, adequadas aos propósitos imperialistas. Tudo a galope.
    O jogo imperial preferencial é a eliminação das conquistas sociais que governos nacionalistas alcançam quando exercitam o poder.
    Tais providências não podem prosperar, de jeito nenhum, do ponto de vista de Tio Sam, pois criam filhotes, anticorpos poderosos, resistentes à exploração imperialista.
    Enfrentar 2016 será sobretudo preparar-se politicamente contra os assaltos sistemáticos do império às riquezas sulamericanas que os paus mandados de Tio Sam, como Macri, estão sempre prontos a executar sem dó nem piedade, pisando sobre conquistas institucionais, como se percebe pelas investidas que ele já realiza sobre a democratização da comunicação, materializada no Governo Cristina Kirchner. Vamos em frente, atentos e mobilizados contra os vendilhões da pátria, aliados do império saqueador.(CF)

    http://independenciasulamericana.com.br/2016/01/america-latina-e-o-imperio-de-tio-sam-em-2016/

  2. NÃO À HISTERIA COM O TERRORISMO
    A campanha de intoxicação colectiva continua. O seu objectivo é criar um clima de histeria para facilitar a eliminação de direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. As restrições e a censura já começaram em França. E agora põem soldados e carros de combate nas ruas de Bruxelas – mas o terrorismo é um assunto de polícia, não de tropa na rua. Essa exibição de força seria ridícula se não fosse sinistra. Os governantes europeus hoje são meros serviçais dos seus amos estado-unidenses. Seguem à risca o script americano do 11/Set.

    http://resistir.info/

  3. Quando presidente do DCE da Universidade da Caxias do Sul (1975-76) num dos ciclos de palestras que organizamos trouxemos Paulo Duarte (do estadão) para falar sobre a imprensa e democracia (ou coisa parecida – não recordo o título exato da palestra).
    De tudo o que disse Paulo Duarte na palestra e em conversas informais, o que mais me marcou foi quando dizia opor-se aos cursos de jornalismo, por que estes treinavam a usar recursos e técnicas, mas não ensinavam a escrever bem e a pensar amplo e profundo, que dizia serem duas características indispensáveis ao bom jornalismo (e ele salientava que poucas eram as excessões entre os cursos de jornalismo). Dizia que os cursos que deveriam alimentar as redações de jornais eram os cursos de letras e de filosofia.
    Estes “media cookers” a quem Fernando Brito critica são exatamente o produto dos cursos que Paulo Duarte criticava. Como chefs medianos, procuram entregar ao patrão o que consideram o melhor prato que este possa pedir, no cardápio da vassalagem. Aprimoram a arte do sabujismo na ilusão de que isto os faça melhores do que realmente são e servem acompanhamentos que não estavam no cardápio.

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