Com a homologação e o levantamento do sigilo sobre a delação premiada de Delcídio Amaral, ficaremos sabendo, afinal, o que ela contém, em meio ao festival de mentiras que a envolve.
A Istoé revelou uma versão.
O senador não a confirmou.
A revista publicou mais dados, inclusive com acusações a Dilma.
A defesa de Delcídio as desmentiu veementemente e ameaçou processo judicial.
A delação premiada, instrumento usado com moderação e responsabilidade em diversas partes do mundo, virou aqui um mercado de chantagens, vinganças e fugas à responsabilidade.
Qual Delcídio fala a verdade, Ministro Teori, o que disse que já tinha “conversado” ministros do STF para darem liberdade a Nestor Cerveró ou o que assina o termo homologado hoje?
E a investigação sobre o vazamento da suposta delação, que tanto o irritou, Ministro, ao ponto de o senhor deixar que se anunciasse seria investigado, já tem “pai”?
A delação premiada virou, de fato, uma chave de cadeia.
Só ela abre a porta da “cana”, mereça ou não a liberdade o acusado.
A investigação, agora, se resume ao que dizem os criminosos ou supostos criminosos, com o agravante que vai avante ou não dependendo de quem ele acusa, como indica o arquivamento d pentamencionado envolvimento de Aécio Neves.
E o juiz da causa, que à delação homologa, lhe dá já assim foros de verdade.
Compromete sua independência.
Se for uma invenção, uma chicana, uma fuga e detratação de terceiros, como fará? Dirá que homologou uma mentira, uma felonia, uma armação, enganado pelo delator?
Isso abalou, a olhos vistos, a separação entre instrução e julgamento e transformou os juízes que decidirão, ao final, em parte da perseguição penal.
Seja lá o que tenha dito – ou que não tenha dito – o rato senatorial Delcídio Amaral, é isso a única coisa que já está, infelizmente, provada.