A gente sabe que acontece, se cuida para minimizar o risco, mas não pode deixar de se chocar quando os atos fascistas nos atingem, como ocorreu com ataque feito para derrubar este blog.
Para quem viveu empastelamentos, censura e apreensão de jornais – o que é, agora, no mundo digital – o mesmo que derrubar ou hackear sites, há um gosto amargo do que já se assistiu.
Não devemos ser vaidosos e achar que é sinal de potência o fato de que ataquem a um blog que não faz mal a ninguém, que respeita até mesmo quem lhe diz desaforos (não além de um certo ponto, por certo) nos comentários, que não deixa de oferecer direito de resposta a qualquer um e que, afinal, é uma agulha – embora aguçada, algumas vezes – no meio do imenso palheiro dos meios de comunicação.
Não, não é por isso.
É porque o fascismo tem uma lógica na sua intolerância.
Ele agride e tenta intimidar porque depende do silêncio para prevalecer. Dele e do medo.
Se não lhes dermos nosso silêncio e nosso temor, ele não consegue se impor.
Mas se ele se impõe, aí de fato nos obriga ao silêncio e ao medo, e muito maiores, mortais mesmo.
Por isso ele precisa impedir que as coisas sejam ditas.
Por isso é que é preciso que se diga, sempre e todo o tempo que seus gritos de “democracia”, de “vontade do povo”, de “voz das ruas” são a capa, como já o foram e sempre o são, a capa que disfarça o autoritarismo, um povo sem o direito de ter vontades e as ruas silenciosas de minha juventude.
Já vivi isso e tenho o dever de dizer o quão horrível é.
Não se espante que haja gente que se diga “de esquerda” e “liberal” no coro, eles são as estrelas da primeira parte do espetáculo, como o foram Carlos Lacerda, a UDN, a OAB de 64, muitos padres e religiosos.
Depois que servem ao propósito de derrubar os eleitos pelo voto, as trevas vêm e os engolem. Por vezes destruição física, até, porque o fascismo não conhece nenhum tipo de sentimento humano.
Este pequeno blog, que já não é tão pequeno assim, com as várias vezes que alcançou 500 mil pageviews diárias é apenas um das centenas, milhares que terão de atacar e derrubar, porque nos abrigaremos uns aos outros, se necessário.
E faremos um, dez, mil, quantos forem necessários para não cairmos no silêncio.
Se cada um se preocupar em difundir, em disseminar, em espalhar luz contra esta escuridão que avança – sem ter medo que um ou outro vá xingá-lo – este um, dez, mil blogues serão milhões a combater a ameaça de regresso ao período da falta de liberdade, da falta de votos populares, da falta de progresso para este país e este povo.
Ao silêncio e ao medo, respondamos falando com coragem.