Paulo Henrique Amorim, ontem, reproduziu o “balão de ensaio” do governo Temer para entregar à iniciativa privada – leia-se à americana Westinghouse – a construção de usinas nucleares no Brasil e disse que, se é para abrir mão do controle no ciclo nuclear por aqui, deveriam entregar logo à GE a construção do submarino nuclear brasileiro, perguntando se a nossa área de tecnologia militar sabe disso.
Nem vou falar do absurdo que isso seria, porque jogaria abaixo toda a vantagem estratégica de uma belonave deste tipo, que reside justamente na dificuldade de ser localizada, pelo fato de que a propulsão nuclear permite que permaneça submersa por meses a fio. Bastaria um transmissor metido naquela imensa massa de metal para que o submarino aparecesse em qualquer receptor preparado para receber seu sinal.
Vou lembrar apenas o tipo de “padrão tecnológico” que essa empresa tem como histórico aqui.
Os cariocas mais velhos lembram de uma tragédia ocorrida no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1986. Dezenas de feridos e 23 mortos, três dois quais provocaram uma imensa comoção ao se lançarem do alto do prédio em chamas. Foi o famoso incêndio do Edifício Andorinhas, um dos maiores dramas que a cidade já viveu.
O incêndio, pasmem, se iniciou por uma ligação com mau contato numa tomada do escritório do diretor industrial da multinacional, justamente do setor elétrico – foi fundada no século 19 por Thomas Edison, inventor da lâmpada elétrica e passou a ser controlada pela JP Morgan, depois – algo que é, claro, impensável numa empresa desta natureza e com esta capacidade tecnológica.
É que segurança e cuidado com as pessoas não é aqui como é lá fora, não é?
Para os que acham apelação, vai a reprodução de uma sentença do Tribunal de Justiça, concedendo indenizações a um pobre senhora, que teve de lutar anos na Justiça contra a poderosíssima GE para ser reparada pelos ferimentos e abalos que sofreu, como me traz documentos meu velho amigo Apio Gomes. E, junto, uma nota publicada à época por Leonel Brizola, debaixo de pesadas críticas por um inexistente desaparelhamento do Corpo de Bombeiros, uma das instituições que ele mais prestigiou, dando-lhe, inclusive, autonomia da Polícia Militar, com status de Secretaria própria, a da Defesa Civil onde, naquela época, começou o exitoso programa de ambulâncias que hoje inspira o SAMU.
Leia e vejam como aquela empresa se comportou com os brasileiros:
“ Nos Estados Unidos, onde a General Electric tem a sua sede e suas grandes bases industriais, este episódio, sem nenhuma dúvida, seria levado à apreciação da Justiça, invocando-se o direito de pesadas indenizações, de milhões e milhões de dólares. Como Governador deste Estado, estranho que essa grande empresa internacional não tenha até agora sequer oferecido uma explicação pública, e nem mesmo deplorado o sacrifício e o martírio de tantos seres humanos, em consequência de um sinistro que surgiu em seus escritórios, embora, é justo dizer, inadvertidamente”.
Não o fez durante mais de 20 anos, como você vê pela sentença judicial cuja notícia se reproduz no post.
11 respostas
Este desgoverno esta saindo muito pior que a encomenda. Lixo puro.
Nota: uma procuração pública num cartório privado paulista custa 190,00 ( cento e noventa,reais, no mínimo).
Caríssimo Brito se fosse somente um transmissor não seria nada.
Nosso processo de enriquecimento de urânio é muito menos custoso (aliás já estamos exportando urânio enriquecido) e um know-how totalmente nacional.
Aí se vão desvendando os reais motivos desse golpe.
Duas maneiras de enfrentar os nazi-fascistas: na paulada em Sacramento, USA, ou, com zoada em Newcastle, Inglaterra. Melhor seguir o exemplo dos Ingleses…
https://theintercept.com/2016/06/28/white-supremacist-rallies-met-rocks-sacramento-scorn-newcastle/
Alguém tem que comprar a sucata e projetos obsoletos. É para isso que as colônias servem.
Os milicos estão a favor, o pior é isso. Por ódio ao PT e aos trabalhadores são capazes de deixarem a cia destruir o pais. São os entreguistas mais abjetos.
Isto demonstra o porque não podemos cair na canto de sereia de estado mínimo, livre regulação de mercado, iniciativa privada como panaceia para soluções de todos os problemas.
Fernando: a coisa é mais complicada.
Já aventou-se que o Verdugo de Curitiba e alguns do PMF seriam “agentes” a serviço de interesses estrangeiros, especialmente nos setores de grandes construções públicas (aqui entra até a estrada de ferro transoceânica dos chineses, ligando o Atlântico ao Pacífico) e do setor nuclear, neste incluindo-se o submarino nuclear e as centrífugas, coisas que os militares (da marinha) guardam a sete chaves e que, particularmente, os norteamericanos têm interesse. Siga os contatos que fizeram no exterior e, conhecendo aquele pessoal, tire suas conclusões. Mesmo internamente, algumas ações foram sacramentadas só depois de cursos e visitas em algumas Embaixadas. Coincidências?
Dai, a investida de desmoralizar aquele militar que chefiava o programa nuclear e, com isto, permitir que os vendilhões no Congresso, capitaneados pelos políticos do bloco PSDB/DEM/PPS/PSD/PPS/PV/Solidariedade/PSB e, agora, PMDB, tivessem oportunidade de fatiar esses bens públicos junto com o pré-sal, dividindo o botim entre si (lembra a telefonia, do tempo de FHC? O esquema seria semelhante). É só você juntar todas as pontas da meada.
Corre o risco, também, de ser cancelada a compra dos aviões da Suécia para adquirir, pelo mesmo preço, umas aeronaves sucateadas pelos gringos. Viriam no pacote algumas belonaves, igualmente sucateadas (tal como no final da 2ª Guerra Mundial). O protótipo da Embraer, para transporte e que substituiria os Hércules, seria engavetado. Os chefes militares, para ficarem dentre do “institucional” e constitucional, ganhariam cursos e viagens ao exterior, alguns até participariam de ações no Iraque e Síria. Dizem que ministros e pessoas do 1º escalão do Inelegível do Jaburu estão se movimentando nesse sentido. Não se sabe ainda qual ou quanto seria a paga aos do Judiciário, mas já avisaram que eles não ficarão com as mãos vazias.
Meras hipóteses? Sinta os atuais fatos e projete as consequências. Se forem diferentes, dou-lhe um doce…
O desmonte esta a todo vapor. Assim, essa da GE é café pequeno, pelo que estaria vindo por ai.
Nem precisa da omissão dos chefes militares nacionalistas: pelo decreto publicado hj, eles são carta fora do baralho.
A única forma das forças armadas recuperarem sua autonomia será com a revogação de todos os atos do oi interino golpista bem como a instauração de ipm par pynir com o rigor da justiça militar todos os traidores.
Fernando, o descaso de cidadãos brasileiros nos levaram a este estado de coisas, destruindo valores e conhecimento, destriundo bens materiais e imateriais que dão sentido do Brasil como esta enorme nação, está alinhado com esta ideia (absurda ?) de entregar nossa política nuclear a domínio dos EUA .Por certo que isto sepultaria qualquer veleidade de independência tecnológica brasileira e nos levaria a antiga satelização que já vivemos no passado com os EUA. FHC colaborou nesta caminhada já com a adesão a TNP, coisa que a minúscula Israel não aceitou. Seguramente, um Brasil não alinhado incondicionalmente aos EUA não é o sonho de muitos de nossos militares, influenciados por convívio estreito desde a 2ª grande guerra. Se temos o domínio do ciclo nuclear entretanto, devemos isto quase que exclusivamente a nossas forças armadas, principalmente a nossa Marinha. Deste governo pulha que se instalou aqui este risco fica muito aumentado.
Parece que os militares estão fazendo militares estão fazendo coisa parecida com o que ocorreu no STF. Os mais radicais (no caso do STF Gilmar Mendes) se colocaram a frente do movimento a favor do golpe. O mesmo esta ocorrendo com o responsável pelo Gabinete de Segurança Institucional, pessoa com histórico família de radicalismo contra supostos esquerdistas, que reclama de tratamento injusto dado a seus familiares por supostos abusos e tortura a presos políticos. Ele tomou a iniciativa de radicalização, ao que parece, contra muitos militares que trabalhavam ativamente pelo reerguimento e valorização das nossas Forças Armadas. Tenho esperanças que esta situação possa ser revertida, pelo lado dos militares para que não passem as privações que já passaram no passado. Pelo lado da sociedade civil contra o desmantelamento das nossas iniciativas tecnológicas, desenvolvimento de alternativas econômicas tendo o Brasil como polo e não como subordinado, subalterno de política de países desenvolvidos.
O pior é o silêncio ensurdecedor das forças armadas. Se fosse liderado pelo general Geisel nem em pensamento existiria essa possibilidade de multinacionais donas de usinas nucleares no Brasil.