O parafuso de R$ 10 mil e o navio que parou a 100 m de explodir no Rio

 

golar

Conta uma antiga história que, diante da pane do “mainframe” , o computador central de uma grande empresa, o técnico chamado olhou, olhou, olhou durante cinco minutos para a máquina, pegou uma pequena chave de fenda, tirou e recolocou uma placa.

E a máquina voltou a operar perfeitamente.

Em seguida, o técnico foi ao setor competente e emitiu uma nota de R$ 10 mil.

O burocrata estrilou: você olhou por cinco minutos, tirou e botou um parafuso e vai cobrar R$ 10 mil!?! Que absurdo!

O técnico recolheu a nota , rasgou e fez duas outras.

A primeira: desaperto de parafuso, recolocação de placa e reaperto de parafuso. R$ 5,00.

O burocrata deu um sorriso.

Mas veio a segunda nota: Saber qual parafuso, de qual placa, desapertar e reapertar. Preço: R$ 9,995.

Lembrei desta história ao ler hoje que o prático Diogo Weberszpil evitou, na quinta-feira passada, o que poderia ter sido o maior desastre ambiental da Baía da Guanabara.

Depois de embarcar para comandar a entrada no porto do Rio e a atracação do navio tanqueiro de gás Golar Spirit no Terminal de Gás da Petrobras, o leme do navio, de fabricação antiga, travou em rota de colisão com a Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói.

Weberszpil, que tem preparo e treinamento para agir em emergências soube o que fazer, atirando âncoras para reduzir a velocidade e corrigir o rumo do navio.

Que parou a 100 metros das muralhas da Fortaleza.

Neymar pode ganhar uma fortuna. Wesley Safadão pode cobrar os tubos por um show de gosto, vá lá, discutível.

Certo que os práticos precisam de regulamentação profissional. Mas vivem sendo apontados como “marajás” dos portos, com a responsabilidade de conduzirem navios de 100, 200, 300 ou até 400 mil toneladas de carga.

Mas é um trabalhador, e trabalhador não pode ganhar muito.

Pode haver distorções? Lógico, há muitas. Devem ser corrigidas. Mas não há categorias que mais sofram (e resistam) que os marítimos e os portuários com  este ataque permanente.

Conheço vários. Nenhum mora na Vieira Souto.

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6 respostas

  1. E A TETA TOGA PODE PAGAR 5 MIL POR MÊS PARA SUAS MAJESTADES DE “AUXÍLIO MORADIA” NA “MINHA TOGA MINHA MANSSÃO “, INCLUSIVE PARA AS EXCELÊNCIAS QUE JÁ ESTÃO DE PIJAMA NA SALA, SÓ TOMANDO WISKY E FAZENDO POLITICAGEM EM BENEFÍCIO PRÓPRIO DA “CASTA”…E O POVO QUE SIFU!

  2. Senhores da mídia ainda opcional, favor repetirem por CEM dias esta belíssima lição de profissionalismo, responsabilida de, patriotismo, respeito e amor ao proxi mo, consciência e dignidade. Sugiro que Ele receba uma condecoração de Honra ao Mérito e um prêmio (medalha e em di nheiro) por meio do Sindicato do Petrol heiros e da AEPET. Se necessário faça-se uma coleta pública. É Merecedor .

  3. Queria recomendar a leitura de um texto do “Outras Palavras”, em que o autor, o antropólogo David Graeber , discute justamente esta questão.
    http://outraspalavras.net/outrasmidias/capa-outras-midias/graeber-assim-multiplicam-se-os-trabalhos-estupidos/

    Cada vez mais penso que o mundo do trabalho deveria rever certos paradigmas: o que é realmente importante, a eficiência ou a competência? Faz-se até hoje a apologia ao trabalho – em que “o trabalho dignifica o homem” – onde se confunde a ocupação compulsória com a funcionalidade da existência humana. Afinal de contas, o que realmente importa? O Trabalho ou a produção? O quanto se produz ou a qualidade do que se produz?
    Vez por outra, olho de madrugada, insone pelo burburinho do tráfico à minha porta, o correr pra lá e pra cá dos aviõezinhos do tráfico. O expediente começa às 23:00 e vai até às 6:00. Profissão de alto risco, insalubre, sujeita a baixa remuneração e à mais-valia dos que lhe impõe a dependência ao objeto de consumo e à dívida “de justiça”, em que se paga a propina às autoridades por sua contravenção para se manter livre. Realmente, às vezes me sinto culpado de não trabalhar tanto.
    Enfim, o texto que recomendo é bem mais elucidativo que meu comentário.

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