É, no mínimo, teatral a atitude do Governador Geraldo Alckmin de reclamar por ter de ir à Justiça pedir cópia da investigação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade, sobre o processo de formação de cartel entre a Siemens, a Alstom e outras empresas, nos contratos com o governo paulista.
Aliás, com o governo dele mesmo, especificamente.
Em primeiro lugar, porque o Ministério Público paulista está na investigação, tanto que o Estadão diz hoje que é ele quem está negociando a delação premiada com executivos e ex-executivos da multinacional alemã.
E com quem o governador ia fazer a investigação, não seria com o Ministério Público?
Bastaria o Governador pegar o telefone e, com ligação local mesmo, falar com o chefe da Procuradoria Geral da Justiça de São Paulo, nomeado por ele, e pedir que, quando oferecida a denúncia, eles se lembrassem – claro que não iam esquecer, né? – de pedir o ressarcimento dos cofres públicos do valor surrupiado pelo cartel e por quem dele tenha se aproveitado.
Não precisa ficar como o homem desesperado com o telefone do anúncio da Siemens no Estadão, nos anos 20, aí na ilustração.
Depois, porque Alckmin não agiu assim quando o caso da Alstom estourou, com processo na Suíça e quebras de sigilo bancário de figurões do tucanato.
Serra disse que não era preciso investigações extras porque o Ministério Público Federal e o Estadual já estavam apurando. Alckmin, candidato a prefeito – ainda não traído por Serra, então – ficou mudo, mesmo tendo defendido antes a apuração.
Ficou na bicuda, mesmo tendo dito antes que qualquer coisa que houvesse ocorrido no Governo Covas seria responsabilidade dele também: ” Isso é uma continuidade, é governo do PSDB. Se é do PSDB, não tem distinção”.
Então, tá. É como aquela história de filme policial americano: você não é obrigado a falar, mas tudo o que disser será usado como prova.
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