Estadão, Dilma e o editorial sem moral. Por Jari da Rocha

mentir

O editorial de hoje, do Estadão, dedicado a enxovalhar a defesa de Dilma e, principalmente, ao PT não surpreende por sua conduta histórica de apoio a golpes nem, tampouco, ao desprezo que tem pelo próprio Brasil.

O que esperar de um jornal que empresta sua ‘missão’ jornalística para propagar rotineiramente mentiras, sonegar informações que são de interesse público e fingir, descaradamente, que se preocupa com o povo brasileiro?

Há também de se lembrar das manchetes fantasiosas, matérias falaciosas e o jogo de imagens para manipular a opinião pública.

Da mesma forma não surpreende o tom cínico do editorial ao tenta dar ao relatório estapafúrdio do senador Anastasia alguma seriedade. O mesmo relatório criticado pelos próprios juristas citados, porque suas teorias foram utilizadas de forma equivocada.

Enquanto Anastasia procurou embasar seu parecer em fatos, dizendo que a gestão de Dilma instaurou “um vale-tudo orçamentário e fiscal que trouxe sérias consequências negativas para o País.

O Estadão diz que o “quase finado governo da petista (Dilma) o mais irresponsável e corrupto da história nacional” porque, talvez, não encontre em suas próprias páginas os escândalos de corrupção da ditadura militar – cuja implantação o Estadão não só apoiou como também emprestou a sede do jornal para tramarem o golpe contra o governo João Goulart. Depois, teve de publicar receitas de bolo por perder sua própria liberdade.

Quando fala em governo ‘irresponsável’ e ‘corrupto’, o Estadão se esquece das denúncias abafadas no mandato de FHC.

Esquece a extinção, por decreto, da Comissão Especial de Investigação para combater, justamente, desvios de recursos públicos e também de Geraldo Brindeiro, o engavetador geral da república.

Ou do caso Sivam (tráfico de influência e corrupção no contrato de execução do Sistema de Vigilância e Proteção da Amazônia ) que, aliás, não houve CPI, pois FHC bloqueou.

E a Pasta Rosa que citava as doações ilegais de banqueiros para campanhas eleitorais de políticos da base de sustentação do governo FHC?

Ou, quem sabe, o Estadão também “não sabia de nada” sobre a compra de votos da reeleição de FHC? Nunca ouviram falar dos deputados Ronivon Santiago e João Maia do PFL do Acre, que ganharam R$ 200 mil para votar a favor?

O Estadão lutou bravamente para que fosse constituída uma CPI na época ou o caso foi abafado?

O Estadão e sua memória falha, sequer lembra das “consequências negativas” que a venda da Vale do Rio Doce trouxe ao país. Vendida num leilão por R$ 3,3 bilhões, quando, na verdade, valia mais de R$ 90 bilhões.

Quem poderia imaginar que haveria uma Mariana no meio do caminho?

Tinha também a privatização de cartas marcadas da Telebrás por R$ 22 bilhões. Excelente negócio para os interesses do Brasil. Claro que o governo FHC teve que investir antes um pouco de grana: R$ 21 bilhões. Sobraria ainda 1 bilhão, mas o BNDES financiou parte do dinheiro aos ‘compradores”.

Teve também o caso do Juiz Lalau da construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo por R$ 169 milhões. FHC, que liberava as verbas para a obra, disse que assinou sem ver.

Tem o caso Proer .

O caso da Sudam: fraudes de mais de R$ 2 bilhões e FHC ‘preferiu’ extinguir o órgão.

Da Sudene: desvios de R$ 1,4 bilhão e o que FHC fez? Extinguiu a Sudene em vez de colocar os culpados na cadeia.

E também o famoso e bilionário caso do Banestado, enfim… caberia mais uma série de irresponsabilidades e casos de corrupção aqui só nestas eras do “príncipe”.

O editorial fala de corrupção, mas não aparece o sobrenome Cunha,  nem Neves, Serra, Alckmin, Temer ou Calheiros. Fala de irresponsabilidade, mas não menciona o desmonte do SUS, da Educação e do estado brasileiro por este governo interino de meia pataca.

Jamais vai mencionar os valores dos juros que são pagos aos banqueiros que bancam o próprio jornal com o dinheiro que deveria atender ao povo brasileiro.

Insiste em falar em impeachment para não falar das manobras de um julgamento sem crime, para ocultar a traição de um vice conspirador que sai pra jogar no time adversário. Tenta, a todo custo, não falar em golpe enquanto os jornais do mundo todo o chamam pelo nome que lhe cabe.

O Estadão não tem moral.

Por isso, cada vez menos é um jornal.

 

 

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

24 respostas

  1. Se o Covil votar pelo golpe quem fica em maus lençóis é Janot-de novo.

    Pois ele sabe pela segunda vez que esta se tramando um golpe no Senado ( assim como foi o da câmara ) e nada faz. A gravação de Machado é a prova.

  2. No Cafezinho, sob o título “Nos EUA, Sergio Moro explica por que não julga políticos do PSDB”, interessantíssimo artigo sobre Moro.

    Para esse juiz que, no interesse da direita golpista, tá detonando a economia brasileira e criminalizando a política, a coisa funciona assim:

    – Primeiramente, Globo e PSDB fora!

  3. O editorial do Estadão não é lido nem pela mãe do dono do jornaléco. Ler um bom gibi, educa e informa “incomensuravelmente” mais.

  4. A conclusão a que já cheguei, de que a mídia hegemônica consegue ser mais podre que a classe política, só se reforça com a leitura do texto do Jari.

    Podridão que chega a níveis inimagináveis.

  5. O modus operandi desta tuba de abutres não é nem mesmo criativa. Usurparam as instituições, no caso SUDAM E SUDENE para extingui-las. Saneiam as empesas, injetam capital para vendê-las na bacia das almas, ou melhor entregar para os amigos, caso das teles, caso da Vale e o caso pretendido na Petrobrás.
    Enfim um governo de poucos para poucos.

  6. Pra quem acha que o PT inventou a corrupção (eu acho que ninguém acha, só tem ódio do Pt, só isso):

    Anos 60

    Caso Panair (1965)[1] [2]

    Anos 70[editar

    Caso Roberto Farina[3]
    Dossiê Baumgarten[4]
    Capitão Guimarães[5] (1971)
    Caso Governador Haroldo Leon Peres[6] (1971)
    Caso Lutfalla (1977) [7]

    Anos 80

    (Caso Capemi não constava desta lista)
    Escândalo da Mandioca [8] (1979 e 1981)
    Escândalo da Proconsult[9] (1982)
    Escândalo Coroa Brastel [10] (1985)
    Montepio da Família Militar[11] (1986)
    Caso Delfin [12] (1982)
    Escândalo das Papeletas Amarelas [13] (1986)

    Anos 90]

    Caso Jorgina de Freitas (1991)[14]
    Caso Edmundo Pinto (1992)
    Caso Nilo Coelho
    Caso Eliseu Resende
    Caso Queiroz Galvão
    Caso Ney Maranhão
    CPI do Detran (em Santa Catarina)
    Escândalo dos Anões do Orçamento
    Caso Rubens Ricupero (também conhecido como “Escândalo da Parabólica”).
    Escândalo do Sivam
    Escândalo do Banestado
    Escândalo da Encol
    Escândalo da Mesbla
    Dossiê Cayman ou Escândalo do Dossiê Cayman ou Dossiê Caribe
    CPI do Banestado
    Banco Nacional de Minas Gerais
    Banco Noroeste
    Banco Econômico
    Bancos Marka e Fonte Cindam
    Escândalo da SUDAM e da SUDENE
    Escândalo do TRT SP (1994)
    (Compra da reeleição de FHC também não contava nesta lista,
    Assim como as privatizações fraudulentas)

  7. Tá explicado porque esse membro do PiG hoje já pode entrar na casa do que ainda resta de seus leitores por baixo da porta, como revelado por PHA em seu Conversa Afiada. Também, passou da hora de deixar de usar esse termo exagerado “Estadão” para se referir a esse veículo de desinformação.

  8. Gente, estamos curtindo aqui em casa uma tristeza bárbara, tomando uma purinha, como nosso presidente Lula, e escutando Chabela Vargas. Há alguma chance para a América Latina nesse momento histórico ou teremos que amargar mais anos e anos de ditadura no nosso sofrido e espoliado continente? É um golpe tal brutal nas nossas aspirações que ainda estamos “trastabillando”. Sabemos conscientemente que toda crise pode ser uma oportunidade, mas … Será que nossa sociedades vai querer aproveitar essa oportunidade para crescer? Desejamos fervorosamente que sim. Uma boa noite e um melhor amanhã.

  9. A política, a midia e parte da justiça Paulista são e sempre foram treinadas e preparadas para construir, enaltecer e proteger o poder pelas vias direitistas. São alheios a qualquer projeto de esquerda para o país. Defendem acima de tudo os empresários capitalistas que se forram as custas do suor e do sangue da classe trabalhadora numerosíssima lá existente. O que eles querem para São Paulo, eles querem para o Brasil. Os tucanos só sabem apontar aquele bico suga-suga para um único lado. O lado dos trabalhadores. Libertas qua será tamen será sempre necessário.

  10. Inacreditável!
    Não ler um editorial do estadão nao tem preço
    A gente descobre a podridão que tentam ocultar
    Aquilo que eu não sabia, ou não me lembrava veio a tona
    Grato estadão continue omitindo para a verdade saltar diante do nossos olhos.

  11. Então, ficamos combinados assim.

    Senadores com fortes indícios, quando não absoluta certeza, de estarem envolvidos com ilícitos e malfeitos vão impichar a Presidenta democraticamente eleita por supostos crimes de responsabilidade que restaram sem provas.

    Veremos no Senado um replay daquele fatídico Encontro Anual de Cunhas na Câmara, em 17 de abril.

    Mesmo a sabendo inocente, os senadores golpistas condenarão Dilma com a teatralidade necessária para justificar o estupro à democracia, a fraude à vontade popular, a adoção de um programa de governo que não foi eleito.

    Um programa que é um tapa na cara dos que lutam por melhores condições de Saúde, Educação e Justiça, e por um país soberano que decide o que fazer de bom e de bem com as suas riquezas naturais, ou seja, sem delegar a entreguistas que as vendem a preço de banana para os amiguinhos, em troca de comissões e mesadas. Estilo Privataria Tucana.

        1. Ou seja, moralistas sem moral! Sem moral alguma!

          A propósito, senador Cristóvão Buarque: o crime é o golpe em si e não a denúncia do mesmo e o desconforto que isto lhe traz! Ao rato, a ratice. Não tente justificá-la culpando a outros!

    1. Patrice.

      Eles, a turma que tomou o poder de assalto, estão colocados contra a parede. Se não impulsionarem as reformas do agrado do Grande Poder, este os levará à Justiça. Caso encaminhem as reformas, o Grande Poder lhes garantirá um futuro tranquilo pelo trabalho realizado – como o que está reservado a Cunha -, em liberdade e gozando da riqueza que amealharam às custas de muita corrupção. Em suma “viverão felizes e comerão perdizes”.

  12. Jari, esse jornaleco realmente é rasteiro demais. Deveriamos sim ignora-lo, publicar o contrario do que eles dizem, deconstruir tudo, e so no final da noticia, dizer que é uma parodia, uma satira, o diabo… Eles merecem todo desprezo dos blogs sujos; essa guerra deveria ser declarada, uma desconstrução bem feita com a ajuda do Intercept, da BBC e muitos outros meios de comunicação sérios e respeitaveis. Queria ver o povo queimando todos esses jornais da midia hegemonica em praça publica; em nome do mal que eles fizeram e continuam a fazer ao Brasil e aos brasileiros. Os respectivos proprietarios poderiam tb ser enviados para o inferno onde seriam pulverizados para o todo sempre.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *