Há um mês, menos até, foi o Carandiru.
Agora, a cratera tucana da Linha 4 do Metrô paulistano.
Buraco e mortos estavam lá.
Não vem ao caso.
Foram obra do divino espírito santo (assim, em minúsculas, para não inculpar o de maiúsculas).
As maiores empreiteiras do país estavam lá e não lhes faltava competência técnica para evitar um desastre de tamanhas proporções, numa intervenção que, pelas próprias dimensões (um poço de 40 metros de diâmetro e outros 40 de profundidade!) não é como “bater a laje” de um “puxadinho”.
Não se vai discutir, evidentemente, se os gerentes e fiscais que eram os réus no processo (ou engenheiros e projetistas. cujo nome zelosamente a Folha resguarda) tiveram toda ou parte da responsabilidade.
Mas a senhora juíza que os inocentou foi além de negar sua eventual culpa.
“Todas as equipes acompanhavam cuidadosamente cada passo da execução e não apontaram qualquer situação que indicasse a possibilidade de um acidente”.
É evidente que, numa obra destas dimensões, a possibilidade de um acidente é parte inerente de sua própria execução. Tem de ser prevista, precavida e, com os milhões de recursos técnicos que se tem hoje, monitorada.
A não ser que se queira supor que a juíza pudesse se mover por razões obscuras – e não há nada a dar fundamento a tal suspeita – o que faltou foi um pequeno “detalhe”: investigação e prova.
Aquelas que a douta Procuradoria de São Paulo buscou, sem conseguir, sobre o tal apartamento que é do Lula sem ser do Lula.
Mas o buraco tucano não é tucano, não obstante ter tragado vidas.
Se a doutora não estivesse julgando um desastre havido em uma gestão do PSDB, em obra de uma estatal por ele administrada há décadas, salpicada de denúncias sérias de corrupção e conluios, isso seria desnecessário.
Nem os quase dez anos de processo.
Na “outra” Justiça, a sumária, a lei é outra.