Os políticos já estão de folga, mas com os fatos e decisões econômicos se precipitando, a política não está em recesso.
A revisão para abaixo – de 1,3% para 0,8% – para o suposto crescimento do Produto Interno Bruto é apenas, por enquanto, uma “redução do otimismo”, provocada pelo dado real de que o Banco Central já tem de que o PIB do ultimo trimestre será negativo e que não há sinal algum de que o do trimestre seguinte vá ser diferente.
Economia é algo que só se olha com precisão e certeza no passado; para o futuro ela se funda em convicções ou, pelo menos, em convicções sobre “lógicas” que podem ou não se confirmar. Como, por exemplo, que os cortes, sucessivos e profundos, nos gastos e investimentos públicos acaba, depois de algum tempo, por sanear o ambiente econômico, restaurar a confiança e, com isso, impulsionar o ambiente econômico.
A frase “”a recuperação da economia brasileira é uma questão de meses” serve para Henrique Meirelles, mas é de Joaquim Levy. E foi dita em setembro de 2015, mais ou menos na época em que despencamos de vez no abismo da crise. Um ou outro expressam a mesma “fé ortodoxa” que a receita vai funcionar, não importa que o doente se debata e que pedaços de seu organismo estejam necrosando.
Ortodoxia que, diz o economista Paul Romer, do Banco Mundial – citado por Clóvis Rossi na Folha – estabeleceu uma verdadeira ditadura, que “despreza a possibilidade de que a teoria [deles] esteja errada”.
Os fatos reais negativos fazem com que as previsões do BC sejam, ainda assim, um “otimismo pessimista”.
Porque há um imponderável diante da “chutometria” econômica deste tipo de previsão: o dia 20 de janeiro.
É quando toma posse Donald Trump e, francamente, é preciso muita fé para achar que serão “soft” as consequências que isso trará na ordem econômica mundial.
O que faz dos 0,8% de crescimento previstos pelo Banco Central algo semelhante a uma aposta lotérica, daquelas em que a gente acha que a sorte vai ajudar.
