Trump e as fantasias rasgadas do “one world, one future”

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A reação da imprensa – a nossa, aqui, mixuruca  e a do mundo –  ao fato de Donald Trump não ter afinado o tom no seu discurso de posse, ontem,  é bem expressa nessa foto do jornal espanhol La Vanguardia, de Barcelona.

Trump está sendo tratado, como é exemplo a análise hoje de Clóvis Rossi, na Folha, como pouco mais ou menos um neo-Hitler.

Trump é autoritário, racista e defensor da supremacia americana, de fato “uber alles”, como frisa Rossi.

Há, porém, uma diferença e um cuidado.

Comecemos por este: Trump pode e quase que certamente será um terremoto das bem azeitadas relações financeiras do mundo.

Não é, como muitos dizem para “tranquililizar”, pouco problemático nas relações comerciais e de imigração.  A empresa brasileira que mais pode sentir os efeitos do protecionismo anunciado por Trump é a Embraer, por conta de sua exportação para o mercado americano. E, em matéria dos “cucarachos” que Trump odeia, ficamos bem para trás dos mexicanos e dos países da América Central e do norte da América do Sul.

O problema que Trump traz ao Brasil é exatamente a diferença: o nazismo cresceu numa Alemanha humilhada pelo Tratado de Versalhes.

E no “Tratado de Versalhes” da globalização, o vencedor são os próprios Estados Unidos, ou pelo menos a camada financeira e corporações industriais, bem como os seus entornos de prestadores de serviços, inclusive na área de ciência e tecnologia.

Um Iphone fabricado na China ou no restante da Ásia custa muito pouco, talvez 5 ou 10% do seu valor final.

O salário médio de um trabalhador envolvido na linha de montagem de um produto da Apple é o equivalente a US$ 1.78 por hora, e os trabalhadores pagam o equivalente a US$ 17,50 por mês, para ficar em um dormitório da empresa, dormindo entre 6 e 8 horas. As refeições não estão inclusas e custam cerca de US$ 0,70 para cada turno de trabalho. Os trabalhadores recebem uma pausa de duas horas para alimentação, mas muitos deles utilizam esse intervalo para dormir.

A diferença, afora as redes de comercialização distribuídas pelo mundo, é o ganho corporativo, todo ou quase todo ele carreado para os EUA e, de lá, retornando ao mundo inteiro como aplicações financeiras, via bancos, fundos e outras ferramentas de drenagem das riquezas locais dos demais países.

A América rural e operária fica de fora deste butim e foi ela que elegeu Trump, como é a ela que Trump diz que vai devolver o poder dos “políticos”.

Meu sempre professor Nílson Lage, no facebook, estranha que uma frase tão simples como a dita ontem por Trump em seu discurso de posse – “É direito de todas as nações colocar seus próprios interesses em primeiro lugar” – provoque tanta polêmica.

Talvez porque, ao contrário do que seria do gosto dos que dominam o mundo – revele cruamente uma realidade que fica oculta sob a ideia de que os capitais não têm pátria.

Tem, e ela é o centro do mundo, mas nem todos de lá, apenas seus donos.

Tão onipotentes que desdenham do poder de Trump, confiando que vão “amansar a fera”.

Mas Trump parece ser a brutalidade em estado puro e recoloca em evidência a farsa de que temos um só mundo e um só futuro.

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21 respostas

  1. Uma das piores coisas dessa foto é a cara de bunda suja do Obomba, o senhor da guerra. Espero que os vira-latas daqui ganhem todo o “carinho” do fascista do norte, para deixarem de ser burros.

    1. Obama deveria devolver o prêmio Nobel da Paz. Ficou 8 anos e aproximou-se de cuba, e olha lá. Não nada que prestasse.

  2. Enfim surge o nacionalismo. Esta falsa ideia de união de povos, da inexistente paz, de mundo globalizado só interessava às finanças. Talvez Trump recupere o mundo da indústria, do trabalho e do orgulho nacional. Queira Deus.

  3. Deixando Trump um pouquinho pra lá,seria ótimo todo mundo que acompanha o Tijolaco,Carta Capital,Conversa Afiada,DCM,Cafezinho e outros,para começarmos a exigir que o PT não apoie nenhum dos golpistas da marca do indigesto Eunicio Oliveira e Rodrigo Maia.

    Por gentileza,vamos entrar nessa campanha já.

    Como vai ficar a cara das vítimas do golpe como nós?

    Depois que rasgaram nosso título de eleitor,desrespeitaram nossa vontade que era maioria soberana nas urnas no primeiro e segundo turno contra tudo contra todos,desrespeitaram nossa cidadania,nós vamos fazer papel de trouxas agora?

    Faça mil favor!

    Nota 10 para Lindbergh Farias,Senadora Gleisi,deputado Paulo Pimenta e cia.

    Esperamos a mesma postura do PC do B.

    Só o que falta é Marina Silva oportunista do jeito que é votar contra os golpistas e o PT a favor e depois passar 50 anos tirando onda com a cara da gente,sem contar os desaforos e com razão do PSOL.

    1. Estes dois camaradas não precisam dos votos do PT pra nada.

      Se o preço é ficar fora da mesa diretora que assim seja.

  4. Viva Trump ! Viva a América !! Viva o DINHEIRO que vem do trabalho !!

    E que cada NAÇÃO da Terra defenda seus interesses, ainda que isso provoque GUERRA e MORTE no campo de batalha e não em filas intermináveis de seguro desemprego, hospitais lotados e favelas dominadas por bandidos e milícias.

    Chega de choro é TRUMP na cabeça dos cucarachas vendilhões da pátria, capachos dispostos a lavar latrinas para o Tio Sam e incapazes de lutar por um País decente para seus filhos e netos, preferm ser tratados como segunda classe na América Dourada que brigar para derrubar fascistas e golpistas em sua própria nação.

    Se vai dar certo ainda é cedo para garantir, mas que Trump arrebentou o capitão do mato do Império , Obaminha, isso ai já não tem volta, muito menos , preço.

      1. O Clóvis Rossi, foi um bom jornalista, era sério. Depois que a mulher dele entrou pro PSDB, a seriedade dele, como jornalista, foi embora. Hoje é o que se vê.

  5. Nao ficou perfeitamente claro ao leitor o sentido da frase “um Iphone fabricado na China custa 5% a 10 pct”’…Mais claro seria ‘ um Iphone…tem um custo de 5%..de seu valor final, é isso?
    Iskra, de pleno acordo. A 1ª pag do Estadao hoje é um show de ataques tortuosos ao discurso de quem fez o impossivel : derrotou a elite financeira, o partido da guerra e e a MSM. Parece encomendada pela hillary.

    1. Eu não sei o que é pior democratas ou republicanos. Hoje estou com Trump. Queria ver ele cumprir o que prometeu!!!!!!

  6. quem quiser saber mais sobre o pais do Trump e dar o devido desconto a incrivel FÉ e confiança dos nossos comentaristas economicos e “especialistas de Relaçoes Intenacionais” da nossa TV, leia com alguma frequência o uébsitio:
    http://www.shadowstats.com. /// Ler so as materias que interessem é suficiente.
    O contraponto está ali e a realidade é mais embaixo.

  7. “É direito de todas as nações colocar seus próprios interesses em primeiro lugar”

    Ou seja que cada nação que se vire para encontrar o seu próprio caminho do progresso sem depender mais dá América.

    Porém se ousar confrontar os interesses dá América levará um belo porrete.

    Sendo assim o brasil de Temer/Aécio vai pro brejo.

  8. “Jornalistas estão entre os seres mais desonestos da face da Terra”, frase do Trump hoje em visita a sede da CIA. Se ele diz isso do jornalismo americano, é porque ele não conhece o PIG brasileiro. Sr Trump, o Mefisto, o Satanás é uma pessoa extremamente honrada, comparado a mídia brasileira. Até que estou gostando do melenudo, pelo menos é nacionalista e acredita no seu país, algo impensável e totalmente estranho p/ nossa elite, mídia, golpitas e Moros da vida.

    1. e olhe onde ele foi dizer isso. na CIA. ou seja,botou os caras na defensiva. aqui os desonestos do PiG BRASILEIRO SÃO APLAUDIDOS DE PÉ por essa sociedade pateta e imbecil que crê que o filho do lula é dono da Friboi e é um dos mais ricos do brasil. quem ri desses patetas é o Eduardo saverin(CO FUNDADOR DO FACEBOOK). este sim,um dos homens mais Ricos do Brasil. está na lista da Forbes omitida pela imunda imprensa brasileira.

  9. “Quero dizer à comunidade mundial que, embora sempre ponhamos os interesses dos Estados Unidos em primeiro lugar, vamos lidar justamente com todos, com todos. Todas as pessoas e todas as outras nações. Buscaremos terreno comum, não hostilidade. Uma parceria, não um conflito”. Que alívio! Muito melhor do que a eventual vitória da Killary Killton, que queira deflagrar a 3ª guerra mundial, começando por enfrentar militarmente a Rússia na Síria (para defender seus terroristas “proxies”). Dos males, o menor! Bem vindos ao mundo multipolar com (que seja..) Trump!

  10. Trump, até aqui, está decretando o fim da hipocrisia dos governos americanos. As machetes dos jornais daqui, só pau nele. Admiro ele já por as cartas na mesa e falar claramente sobre a desonestidade imperante na mídia. Ponto pra ele.

  11. Nestes posts que mostram as entranhas dos vira-latas entreguistas, os PATETAS GOLPISTAS do faceburro desaparecem.

  12. Na minha mais acalentada esperança eu espero que o Trump consiga ter êxito em destruir este sistema que ele denuncia, destruir esta imprensa que ele chama de a mais desonesta do mundo e para concluir com glória eterna o seu périplo devastador (mas só depois de salgarem o terreno), sucumba ele também.

  13. O mundo tá com uma cara imensa de dejavú.
    Tá parecendo o final do primeiro período da ascensão burguesa, na cronologia do Eric Hobsbawn. Os burgueses venceram a revolução política, na França e em boa parte da Europa (na Inglaterra já haviam vencido), mas houve um importante refluxo, entre 1830 e 1850, com o retorno de várias monarquias ao poder, ou seu re-empoderamento, depois de perderem o controle da política para os burgueses. Os liberais-burgueses, democratas nas primeiras horas (porque interessava a eles por contraposição ao despotismo esclarecido), refluiram de seu democratismo revolucionário para um conservadorismo quasi-feudalista. Os ainda ricos aristocratas e os cada vez mais pobres ex-servos camponeses e artesãos feudais cerraram fileiras em torno de governos e líderes que, como Trump, pregavam a volta a um passado já morto.
    A internacionalização cada vez maior da economia, a destruição do Estado-nação, a emergência de um poder global, centrado nos EUA por enquanto, é um fato dado da evolução do Capitalismo. Ironicamente, a História, tal como Marx vislumbrou, segue em ciclos de ascensão-hegemonia-decadência de classes, ainda que isto tenha sido objeto de desdém dos pensadores capitalistas desde que surgiu a ideia.
    Observem alguns dados: menos de 150 empresas (e seus donos, por conseguinte), controlam 60% do PIB mundial. Mais da metade delas são bancos. E mais da metade delas são norte-americanas. A circulação de mercadorias e capitais não tem precedentes na História, mesmo tomando regiões ou épocas isoladas. A lógica interna do Capitalismo, de crescente concentração das riquezas, descrita por Marx ainda no século XIX está escancarada e nunca foi tão virulenta como nos últimos trinta anos, nem mesmo nos momentos de maior surto de crescimento da época da Revolução Industrial. O Capitalismo marcha para um triunfo mundial, a despeito do “socialismo” chinês.
    O feudalismo experimentou seu apogeu nas décadas que antecederam ao início da Revolução Francesa. Do Atlântico ao Pacífico, todos os territórios que já haviam superado o tribalismo se encontravam sob alguma forma de governo feudal. Hoje temos todos os territórios (ou quase, desconsiderando Coréia do Norte, Cuba e mais um ou dois), com regimes Capitalistas, ainda que nominalmente socialistas.
    Trump, portanto, é um último soluço de uma forma de Capitalismo que se desfaz sob o sol, baseado em mercados internos, Estados-Nações, acumulação localizada. O Socialismo precisa voltar aos primeiros princípios. Reconhecer que a aderência entre as lutas de libertação nacional de povos locais frente o Imperialismo e a Revolução Socialista, e a consequente adesão desta a princípios revolucionários anti-internacionalistas não pode ser mais do que uma tática momentânea, frente às condições do sistema Capitalista na ocasião. Não deve ainda abandonar essa liça, mas deve começar a se preparar para o momento seguinte. Após o soluço Trumpiano, a não ser que o pato Donaldo nos lance a todos em uma guerra mundial suicida, a corrida para a total internacionalização das economias vai continuar, e mais, se acirrar.

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