Janio: Gilmar é candidato?

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Janio de Freitas, em sua coluna dominical, trata de uma questão que é cada vez mais evidente, ainda que rara entre os comentaristas políticos: as ambições de Gilmar Mendes.

A trajetória “brucutu” – desde os tempos de Fernando Collor – e a capacidade de Gilmar de adequar seu ralíssimo decoro e seu farto conhecimento jurídico de acordo com as conveniências, certamente o habilitam a pretender o poder, num país em que ele, agora, não é disputado por projetos e votos, mas por intrigas, inquéritos e judicialização da política.

O artigo de Janio é, como sempre, um retrato cru deste movimento já nem tão subterrâneo. Ao qual este blogueiro só tem a acrescentar que não é nada difícil, pela escassez de votos populares e pela abundância de votos no Congresso daqueles ansiosos para  “estancar” a lavagem de roupa suja na seletividade da lavanderia judicial, que esse caminho possa passar pela eleição indireta para a Presidência, com mais um passo nesta estrada da traição e a cassação de Michel Temer.

Não é raro, antes comum, que o traidor de hoje seja o traído de amanhã.

E se Gilmar Mendes estiver se
capitalizando para ser candidato?

Janio de Freitas, na Folha

Tudo o que o ministro Gilmar Mendes tem defendido, na aceleração da sua atividade de político, corresponde aos interesses do grupo que tem dominado a política brasileira, liderado pelos expoentes do PMDB e seus seguidores em vários partidos. O repúdio ao recato próprio de um ministro do STF não se faria sem motivo. Qual poderia ser o de Gilmar?

Dois traços marcantes de sua personalidade explicam alguma coisa. Um, sua identificação com a direita, evidente desde que se aproximou da vida pública. Talvez bastasse dizer que teve a nada invejável função de assistente jurídico de Collor na Presidência. Mas Gilmar Mendes quis consolidar a primeira evidência com seu desempenho como advogado-geral da União no governo Fernando Henrique.

À época se disse que selecionado por Sérgio Motta entre os possíveis dispostos a fazer uma barragem contra incômodos ao governo, não há dúvida de Gilmar Mendes se saiu bem na missão. O outro traço marcante é a atração pelo poder.

São, porém, características que Gilmar poderia arrefecer, ao menos o suficiente para ter conduta adequada a juiz, a ministro do STF e a presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Não o fez. Muito ao contrário. A um só tempo crítico e colaborador de Sérgio Moro e dos procuradores da Lava Jato, foi como ansioso militante que comprometeu o STF com o apoio ao vazamento ilegal de gravações ilegais, feito pelo juiz de Curitiba. Um vazamento a que não atacou “como crime”, porque servia à sua e à causa da corrente conservadora no Congresso.

Com a mesma motivação, Gilmar Mendes reteve por ano e meio a proibição de doações “eleitorais” por empresas, na tentativa de impedi-la. Para encurtar: entre outros desempenhos, tem batalhado pela admissão do caixa 2, o “por fora” nas eleições; prega a anulação dos inquéritos e processos que tiveram vazamentos; apoia a anistia aos doadores e recebedores do “por fora”; e propagandeia a volta das doações “eleitorais” de empresas. Estranhas, a militância e as posições?

E se Gilmar estiver se capitalizando para ser visto, na contabilidade política do PMDB & sócios, como potencial candidato à Presidência? O PMDB controla o jogo político, por sua dimensão e por meios escusos, mas não tem como alcançar o poder de fato: em seus numerosos quadros não há quem mostre condições de disputa real da Presidência.

Um quarto de século de eleições diretas para presidente – e o gigante PMDB só na figuração. Seus sócios, atuais ou possíveis, não passam de reboques. Um candidato confundindo-se com o Supremo e oferecendo à direita um candidato sem as botas militares de Bolsonaro, pode imaginar-se como um presente para o PMDB, DEM, PP e cia. Gilmar tem feito a alegria de Renan Calheiros, Romero Jucá, Eliseu Padilha, Michel Temer, e por aí. À toa, não é.

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8 respostas

  1. Certeza que é.
    Já notei que ele está até com “pose” de político.
    O cara é a última salvação da tucanagem.
    Se ele se candidatar, ele ganha.
    Teremos que aturar este pulha na presidência ?

  2. Tragédia tupiniquim ao estilo Shakespeare. O Brasil vive seu momento de depuração em alto nível de degradação. Esses “gilmaus” viralatas são metástases cancerígenas que precisam ser extirpadas do nosso destino. Só nos resta às ruas como ato de resistência e imposição da ética e da recuperação das políticas do estado do bem estar social. Esse verme originário do coronelismo brasileiro precisa ser extirpado e denunciado vigorosamente. Lula e Dilma provaram que é possível construir outro país: uma nação solidária e inclusiva. Fora Gilmau, pegue seus apetrechos de jurista politiqueiro e VAZE ! Tome o caminho do inferno de onde jamais deveria ter saído e VAZE porque teu tempo de coronelismo tem os dias contados.

  3. O Brasil terá acabado e recebido a última pá de cal na hora em que esse sujeitinho for empossado. Espero sinceramente não ver esse dia mas, do jeito que as coisas estão, também não acredito em eleições livres e diretas num futuro próximo. Sempre disse, desde os primórdios do golpe, que o PMDB não ia entrar nessa para cair fora tão cedo. O povo brasileiro teria que expulsa-los via voto direto mas…com essa mídia apoiando, Gilmares e seus amigos podem tudo. E uma parte da classe mérdia continua tendo orgasmos múltiplos sempre que ouve os berros daquele bolso qualquer coisa, enquanto a outra sonha com o doriazinho doriana.

  4. Já foi lançado e apoiado pelo blogueiro-mor do conservadorismo tupiniquim. Tia Reinaldo, Rei no nome, rei na barriga!!!

  5. Gilmar Mendes candidato? Isso é piada? Quem votaria nele? Será que pode existir alguém mais imbecil do que aqueles que apoiam o Bozo? Não, não pode existir. Seria o fim do mundo.

  6. Eu diria que Gilmar já é o presidente de fato, nesses tempos… Assumiu no dia em que impediu Lula de ser Ministro de Estado. Naquele dia o jogo virou e Dilma percebeu que não mandava mais nada… O resto da estória/história todos sabem (impeachment). Os sucessivos encontros com Temer não são coincidências. Temer continua como vice decorativo. Gilmar tem todos na mão… Não renunciaria nunca a uma cadeira do Supremo, por uma aventura temporária. Até porque é de lá que ele faz seus grandes negócios. Mas que ele ditará o ritmo da próxima eleição, isso sim. Inclusive impedindo Lula de ser candidato e enfraquecendo outros que porventura ameace seu projeto de poder. Há muito que não se faz nada nesse país se não pedir benção a este senhor.

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