Cito, com frequência, artigos e reportagens publicados no Poder360, site de Fernando Rodrigues.
Inclusive os artigos de opinião, porque opinião é sinal de pluralismo e civilização no jornalismo, não um pecado.
Rodrigues, entretanto, tem uma especial predileção por explorar a veiculação de anúncios governamentais nos sites e blogs de esquerda.
Temer teria tomado a “saneadora” medida de reduzi-la e, em 2017, eliminá-la.
Como não recebi publicidade federal (nem estadual…), no passado, e não recebo hoje, óbvio, tenho toda a liberdade de falar sobre o assunto.
O Tijolaço teve segundo o Google Adsense – que é a plataforma que coloca, a preços muito abaixo do mercado publicitário – anúncio em qualquer site que lá se habilite, 61,1 milhões de visualizações de página. Outro contador instalado no site, o Statcounter, indica número bem parecido – 61,7 milhões -, dos quais 33,1 milhões de visitantes únicos (mesmo com vários acessos, cada usuário só conta uma vez por dia).
Como imagino que o Google não seja “esquerdista”, ainda mais quando paga por número de visitantes, significa que um blog de esquerda pode ter audiência significativa. Mesmo quando é feito, como este aqui é, por uma única pessoa, sem poder contar, infelizmente, com uma equipe de profissionais, como conta Rodrigues. E que, como outros, só sobrevive com a espontânea e generosa colaboração de seus leitores.
Talvez fosse melhor a Rodrigues questionar, então, porque não são dignos de receber publicidade na mesma proporção que os sites ditos “limpos” recebem. Aliás, em volumes crescentes.
Mas é preciso ir a outra matéria (que não é manchete do site e só ao final dela) – para verificar-se o que realmente é imoral nesta história de publicidade governamental.
Lá, encontra-se o seguinte:
As informações sobre propaganda da União eram coletadas e organizadas pelo IAP (Instituto de Acompanhamento da Publicidade). O órgão paraestatal teve seu financiamento interrompido em março de 2017.
O IAP estava em atividade desde 1999 (começou a divulgar os dados em 2000). Seu custo anual era da ordem de R$ 1,2 milhão (cerca de R$ 100 mil mensais). O instituto compilava todos os gastos com propaganda na esfera pública federal por meio do recebimento de todos os PIs (pedidos de inserção) emitidos por agências com contas estatais. A partir deste ano de 2017, não haverá mais essa estatística disponível.
Fechou-se o IAP, claro, “por falta de verba”. Risível.
E ainda mais abaixo:
GRUPO GLOBO: R$ 10 BILHÕES DESDE O ANO 2000
A maior rede de televisão do país é, de longe, quem mais recebeu verbas de publicidade estatal federal desde o ano 2000. O Grupo Globo (TV, jornal, revista Época e portais de internet) teve ao todo R$ 10,2 bilhões de 2000 a 2016. O levantamento não inclui rádios e TV por assinatura.
Esses R$ 10,2 bilhões equivalem a 29,4% de tudo o que o poder público federal gastou com propaganda desde o ano 2000.
Portanto, a crítica que se faz à matéria, longe de ser o lançar suspeitas sobre quem financia o Poder360 – e se alguém anuncia lá faz muito bem ao jornalismo – é à capacidade de dar a cada informação o peso que ela tem.
R$ 10 milhões na manchete e R$ 10 bilhões no “pé”?
Se não for assim, então o que resta é o preconceito, a discriminação e, mesmo involuntária, a adesão a uma visão distorcida que faz “legítimo” anunciar a peso de ouro na mídia de direita e “sujo” pagar muito menos pelas visualização de mensagens nos de esquerda.
Ou, como no caso deste Tijolaço, não anunciar.
16 respostas
Na cabeça de alguns, o Estado é propriedade dos ricos. Isso é, para eles, uma lei natural. E o Estado só deve prestigiar aquilo que defenda o poder dos ricos. Mesmo quando quem está no poder máximo é gente de esquerda, que advoga um Estado neutro e republicano, essa gente não tem o direito de ser imparcial, democrático, equânime ou puramente técnico na condução de certas políticas, como exemplo a publicidade oficial. Esta publicidade é patrimônio dos ricos, assim como o Estado. Ou seja, é patrimônio da mídia dos ricos. Isso, na cabeça de alguns arigós do jornalismo, que embora aparentem ser civilizados, nunca deixarão o entranhado complexo de provincianos, servos do coronel.
Por isso, não visito o site poder260, por ser o Rodrigues seguidor ferrenho do psdb desde os tempos em que ele trabalhava para a folha. Só leio o que tem lá quando você coloca no seu blog o Tijolaço.
O jornalista que faz crítica aos blogs ditos “sujos”, age de má fé, vendeu a alma ao diabo e tornou-se ventríloquo da Casa Grande.
Fernando, eu valorizo muito o seu trabalho e eu entendo a sua dificuldade de administrar um blog sozinho. A blogosfera presta um excelente serviço para a sociedade ao fazer o contraponto ao discurso da mídia tradicional. Na minha opinião, os blogs não precisam de anúncios, e sim de leitores. Eu entro em vários blogs de esquerda, mas eu percebo que os leitores são poucos, pelo menos os que comentam. Os blogs precisam ser mais conhecidos, mais divulgados. Não adianta os blogs fazerem o excelente trabalho que fazem, se tiver poucos leitores não adianta muito. Nós devemos ajudar a tornar os blogs mais conhecidos, vamos divulgá-los para nossos parentes, amigos etc…
Fernando, o seu blog pode não ter o dinheiro da Globo, mas o nível do seu blog é infinitamente superior. Não vou jamais criticar, o mudo já tem críticos demais, eu quero parabenizá-lo pelo seu trabalho, sei que não é fácil. E quero incentivá-lo a continuar com o seu bom trabalho. E eu farei o que puder para divulgar o Tijolaço para mais pessoas.
Precisam repetir sempre as mesmas fases para mantê-las ativas nas bocas dos papagaios que possuem memória curtíssima e reduzida capacidade de interpretação da realidade. Precisam desmerecer blogs, revistas e políticos de esquerda. Precisam desmerecer professores, artistas e intelectuais de esquerda. Precisam denegrir a imagem do adversário esquerdista porque existe pouca coisa favorável que possa ser dita sobre o oponente direitista que não denote incoerência entre seu discurso sua ação. Precisam mentir sempre para ocultar a verdade.
Poder 360 costela do estadao
Já colaboro com este excelente blog e não pretendo acessar um dia sequer o tal “poder360” pertencente ao um “jornalista” de passado recente pouco confiável.
Acho que a crítica do tal F.Rodrigues é puro ciúme pelo sucesso do Tijolaço.
PS – Quando o Tijolaço estiver em alguma situação crítica estarei sempre pronto a colaborar.
O Poder360 tem boas matérias e bons colaboradores. Não tenho nenhum problema em elogiar o que é bom, assim como não tenho receio em criticar o que é ruim. Exclusão ideológica é o que fazem e não devemos fazer. Houve um tempo – e há de haver, outra vez – em que ideias não eram ditas como rosnados. Conto com você e todos para a gente restabelecer o convívio digno, porque a selvageria serve apenas aos selvagens.
Globo recebeu 10 bilhões de 2000 a 2016.
Em suma, boa parte disso foi nos 13 anos de PT.
Isso a meu ver, é muito pior que o vídeo de Trump lutando contra a CNN.
Nem sei que blog é este. O que parece, é que quem faz propagandas para os blogs de direita são os da esquerda lembrando que estes blogs existem, supervalorizando-os.
Não podemos negar que os governos liderados por Lula e Dilma ignoraram completamente um dos pilares fundamentais do poder, maltrataram a imprensa alternativa e desperdiçaram uma valiosíssima oportunidade de reduzir a hegemonia do coronelismo midiático que nos governa.
Imperdoável.
Também não seria justo esquecer os esforços de Franklin Martins, que viabilizou a Confecom e deixou um projeto pronto ao final da gestão Lula.
Acho que ao lado da informação confiável, um jornalista deve ter um bom texto. Eu deixei de acompanhar os jornalões há anos, mas me lembro que os textos já eram ruins, muita agressão ao danado do português. Diferente da linguagem falada ou escrita em mensagens entre amigos, acho que o texto jornalístico é um dos últimos refúgios de uma linguagem honesta em relação às regras. E o texto do Fernando Brito me encanta desde o início pela sua elegância!
Fernando Rodrigues é tucano de quatro costados, da mesma turma da Eliane Cantanhede e daquele outro calhorda da Folha, o Clóvis Rossi.
Por falar em Clóvis Rossi, sempre é bom lembrar o passado desse calhorda:
Clóvis Rossi é o cara-de-pau que teve a desfaçatez de acusar o PT pela morte de Jean Charles, num “artigo“ publicado em 25 de julho de 2005, na Falha. Para mim, é um sujeito que não honra as calças que veste. Além de vender seu suór, vendeu a alma. A frase que define seu caráter é esta aqui:
“É justo dizer que no revólver que matou Jean Charles estão também as digitais do PT e de seu governo, incapazes de criar a esperança que o mineiro foi procurar tão longe.”
Só que o mineiro foi procurar essa esperança tão longe, em março de 2002, em pleno desgoverno tucano. Mas a culpa, claro, é do PT, que, em 1º de janeiro de 2003, recebeu um país falido e quebrado – falido e quebrado três vezes pelo mesmo governo demotucano, sob a batuta de FHC. Óbvio, seria obrigação do PT ter transformado o país e recuperado a economia já no dia 2 de janeiro de 2003.
Curiosamente, nesse mesmo texto, o direitoso calunista menciona duas meninas brasileiras que trabalhavam num hotel em Oxford, em que se hospedou, em novembro de 2002, para cobrir uma homenagem ao homem de 100 milhões de reais, FHC, o intocável. O que será que essas moças lá faziam em 2002? Desde quando lá estavam? Será que, como Jean Charles, desavisadas, fugiam das delícias da Terra da Cocanha tropical, comandada pelo Príncipe da Privataria? Afinal de contas, para esse sevandija travestido de colunista – que não vale uma moeda furada de três centavos -, provavelmente os anos FHC, que foram uma tragédia social para o país, tenham sido anos dourados para seus patrões e, portanto, para o próprio, como bom puxa-saco que é.
Esse Fernando Rodrigues é conhecido por manipular dados. Esconde dadis sigilosos recebidos do exterior como os da Mossack Fonseca. Protege muita gente grande. Nada fez com esses dados
Que desapareça logo da midia na insignificância dele hoje e pelo mal qye causa por sua proteção de criminosos.
O Rodrigues, ao sempre transformar sua fisionomia (muda o cabelo, muda a cara, …), faz o mesmo com o seu “jornalismo” enviezado. Pessoas, que preservam a questão de um bom caráter, não gostam disso.