Jacob, a imagem que fica

jacob

Acabo de saber da morte de Alberto Jacob, o fotógrafo.

Fui seu “foca” em O Globo, nos anos 70.

Não apenas o fotógrafo genial, mas o homem simples e paternal ficaram em mim.

Paternal não podia deixar de ser, porque de filhos e amigos agregados tinha uma penca, mesmo, ali numa simplérrima “casa-sítio” em Jacarepaguá, perto do Autódromo.

Quando saía para alguma matéria com ele era igualmente impossível deixar de ser filial, de tanto carinho com que nos tratava, a voz mansa, cantada, a dar conselhos.

A cena que jamais me sairá da cabeça é a de Jacob descendo a rampa no pé da favela do Vidigal, na visita do Papa João Paulo II à comunidade. O último dos muitos jornalistas que subimos o morro para nos esconder, à espera de algo inédito na visita papal.

Escoltado pela PM, que fizera uma “batida” implacável mal raiara o dia, todos nós batemos palmas para ele: o mais velho, o mais esperto, o mais discreto, o último a ser “capturado”.

Curiosa lembrança, pois uma das fotos mais famosas de Jacob é também de fé, a “mão de Deus” que reproduzo aí em cima e que lhe valeu o Prêmio Esso de 1971.

Não era pouco ser uma lenda, ali, num time de craques como o da fotografia de O Globo: Erno Schneider, Jorge Peter, Aníbal Philot, Sebastião Marinho. Só tinha feras e o pacífico Jacob.

Obrigado, Jacob, por tudo,teu foca nunca aprendeu a ser tão simples e tão bom quanto você.

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10 respostas

  1. O também curioso,é que pelas matérias que aqui e ali lemos nos BLOGs,constatamos também,as confissões de JORNALISTAS E TAIS,todos terem, em algum momento da vida,TRABALHADO NAS GLOBOS DAS VIDAS E ASSEMELHADOS.Terminam todos confessando,que o problema dessa atividade,não está onde desempenharam seus papéis,seja até para sobrevivência,e sim nela própria,O JORNALISMO,que se transformou,desde o nascimento,máquina de propaganda das minoritárias classes sociais ,sob as DITADURAS DE CLASSES DA HISTÓRIA, e que alguns poucos,certamente arrependidos,nos dias de hoje,tentam nos passar que sempre foram ISENTOS. Lembra-los,convinha,que os CARRASCOS,também tem o expediente do ARREPENDIMENTO,mas foram e continuam a serem CARRASCOS,particularmente para vitimas!

    1. Menos, Marco. As redações de jornal estão – já estiveram mais, é verdade – cheias de gente com compromissos com a profissão e as pessoas. Não estou falando, claro, das “estrelas” que se entregam ardentemente a serem os porta-vozes não apenas do patrão, mas das próprias elites. Jacob, um grande craque, sempre foi um homem de bem e fez da objetiva de sua máquina seu canhão particular para combater pela humanidade e pela delicadeza. E ensinou isso, com a sua simplicidade pessoal e empenho profissional, a muitos jovens jornalistas, como eu era então, um “foca” na seção de Esportes, 25 anos mais novo que ele, a não serem arrogantes e mandões. Nunca quis me passar por isento, mas sempre me preocupo em ser fiel aos fatos, o que nem sempre se consegue. Não há do que se arrepender, quando se vive assim. Embora nem sempre se tenha feito o melhor, tem-se a tranquilidade de ter feito o possível e, por vezes, o impossível. 39 anos depois das lições de Jacob, nunca esqueci disso.

  2. Caro Luiz Carlos,
    Tipico de coxinhas: fizeste uma referencia a “Vostras” e quem te responde é “Bronco”. Lógico que é a mesma pessoa.

  3. Brito, Obrigada pela sua sensibilidade e sua delicadeza. Sua disponibilidade em compartilhar seus sentimentos nos faz muito bem.

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