Permitam-me discordar frontalmente do que disse Lula em entrevista ao jornal peruano La República, reproduzido pela Folha, quando ele diz que tem “um pequeno problema” com a imprensa.
“Quando critico a imprensa, eles dizem que os estou atacando. Quando me atacam, dizem que estão criticando”, afirmou Lula, acrescentando, porém, que “nunca um jornal ou canal de TV deixou de receber publicidade do governo” porque o criticavam.”
Ora, Lula sempre tratou muito bem os jornais e os jornalistas.
Não tem problema algum no seu relacionamento com eles.
A imprensa – comercial – é que tem problemas com Lula, desde que ele chegou ao poder.
E não é por falta de verbas publicitárias.
É porque a imprensa brasileira é uma instituição elitista e colonial.
Dois posts atrás falei da questão dos direitos trabalhistas das domésticas. Os problemas dos patrões em pagá-las ocupou páginas e páginas de jornal. Já o drama de trabalhadoras humildes, postas no olho da rua quase sem direito algum, você lembra de ter visto em letra de forma ou em matérias de TV?
E vai assim: sofrimento dos pobres só ganha as páginas quando serve para atacar os governos que olham por eles. O aumento de salário é inflacionário, aumento de consumo é inflacionário, crédito popular é inflacionário, tudo o que é bom para o povo é desastroso para o país.
Nada vai dar certo, a Copa será um fracasso, o PIB será um fracasso, a Petrobras é um fracasso, o Brasil vai fracassar.
Enquanto isso, vão ganhando dinheiro, muito dinheiro.
Lula – como antes Brizola, Jango, Getúlio – nunca tirou um tostão dos ricos. Ao contrário, estes não deixaram de cevar-se em seus governos. Idem a mídia. No Governo Vargas, Roberto Marinho, Assis Chateaubriand e até Carlos Lacerda deviam os tubos ao Banco do Brasil. Mas só Samuel Wainer apanhou por isso, desqualificado como “um judeu da Bessarábia”.
Quem tem um problema não é Lula. É a imprensa brasileira.
E o problema não é pequeno, é imenso.
Porque, salvo exceções, grande parte dela tem nojo do povo brasileiro. Odeia a ideia de um Brasil desenvolvido e soberano. Odeia, por isso, as massas populares e tem arrepios quando o nosso país ergue a cabeça.
Natural, quem tem alma de vassalo acha incompreensível a dignidade.
Lula lhes é intragável por uma simples razão: é – e não renega ser, para agradá-la – um filho legítimo do povo brasileiro.
5 respostas
Grande Brizola Neto. Parabéns pelo trabalho frente ao Ministério do Trabalho e bem vindo de volta à Blogosfera.
Coberto de razão, Fernando, a imprensa é mesmo um enorme problema.
Colocando as coisas no devido lugar
A elite odeia o Lula, a Dilma e o povo, isto é público e notório. O que não é compreensível é a leniência com que o Lula tratou e a Dilma trata a Globo, Folha, Estadão e Veja, apesar do ódio doentio que essas empresas tem do povo. Começo a desconfiar que o Lula e a Dilma e o PT, só gostam de povo em época de eleição. O povo está gritando, nos blogs, na internet e em outras mídias, que não o PIG, por uma Lei que regulamente os Artigos da Constituição que trata da mídia (a Lei que temos hoje é de 1962), porém, a Dilma, teimosamente, mantém pessoas, como o Paulo Bernardo e o José Eduardo Cardozo em seu ministério. Todos sabemos que estes (há outros), estão lá a serviço da Globo e até do Daniel Dantas. Todos sabemos que o Lula e a Dilma, lutaram pela democracia , por isso, foram presos e, no caso da Dilma, além de presa foi torturada. Hoje, não demonstram a mesma coragem do passado e vivem a fazer concessões aos seus algozes que, não por mera coincidência, são exatamente os descendentes dos que apoiaram com unhas e dentes o regime ditatorial que prendeu e torturou inpiedosamente e, ainda por cima, deixou como legado um país totalmente desagregado, onde a solidariedade, a honestidade e a cidadania foram para o espaço. Viver no Brasil se tornou altamente arriscado. Por tudo isso, acredito que a Dilma correrá sérios riscos de não se reeleger.
Permita-me discordar de um têrmo muito usado para se referir aos poderosos: ELITE. Elite, socialmente falando, significa: “o que há de melhor numa sociedade” Porém, o que chamamos de “elite” não passa da escória social que domina o dinheiro e a mídia do país. De resto, o texto está um primor.
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