Não se trata de ser contra ou a favor da extradição do italiano Cesare Battisti – aliás, algo que o regime militar não fez com Ronald Biggs, nos anos 70, pelo mesmíssimo motivo de ter filho brasileiro.
Trata-se do festival de oportunismo político que se construiu sobre este caso – transformado, há dias, no principal assunto do país – como se o autor de crimes cometidos há mais de 40 anos representasse algo em matéria de “combate à impunidade”.
As autoridades brasileiras expuseram-se ao ridículo, anunciando que já haviam mobilizado até um avião para “repatriar” Battisti e, depois, entregá-lo aos italianos. Repatriar cidadão estrangeiro, preso por polícia estrangeira, em território estrangeiro seria, mesmo para nosso “Direito” heterodoxo, uma inovação sem tamanho.
Ficou evidente que se tratava de um “troféu” a ser exibido na mídia, uma espécie de taça da vitória sobre o “esquerdismo”.
Nem se importaram com o fato de que, sendo cumprida desde o Brasil, a extradição de Battisti beneficiaria o italiano, pois – dentro do neolegislar do STF – decidira-se que a entrega do italiano estava condicionada à redução da pena de prisão perpétua (que não existe aqui) aos limites da legislação brasileira.
“Pagaram o mico” de uma “reunião de emergência” entre o próprio Presidente, o general Augusto Heleno, Sérgio Moro e Ernesto Araújo e mandaram um avião pousar em Corumbá, à espera do troféu.
Prender alguém é um ato que deve se revestir não só de legalidade, mas de decoro. Temos, entretanto, um governo que, como faziam os policiais nos anos 70, quer “apresentar” o “elemento” à imprensa, nem que isso seja feito à custa de puxar seus cabelos para mostrar o rosto e dar uns safanões na Lei.
Seria interessante se fossem perguntar ao neopunitivista Luiz Roberto Barroso – que há dez anos era o advogado de Casare Battisti – se o caso está sendo tratado com motivações políticas.
23 respostas
Algo bem podre na Dinamarca quando política virou caça-tesouro. As hienas felizes como se fosse o PIB em pessoa a disparar, para poder sambar na cara dos esquerdistas, como se fosse um rebote do orgasmo causado pela prisão do Lula.
estavam loucos pra jogar o Battisti no colo do PT.
Bom dia. Mas a Itália queria a d. Perpétua, Maria Thereza. E deu o drible da vaca nos fascistas nativos.
queria mesmo e parece que vai conseguir. Mas o showzinho dos sabujos tupiniquins foi pro brejo. ou pra “beirada da terra”
CONTRADIÇÕES:
“Quem gosta de índio, que vá para a Bolívia, que, além de ser comunista, ainda é presidida por um índio”, disse Rodrigo Amorim (PSL-RJ) (o mesmo que quebrou uma placa com o nome da ex-vereadora Marielle Franco na Praça Floriano, em frente à Câmara Municipal), quando comentava a situação da Aldeia Maracanã, no Rio de Janeiro.
O vice-ministro de descolonização da Bolívia, Félix Cárdenas, informou à imprensa boliviana nesta terça-feira (8) que denunciará o Brasil à Organização das Nações Unidas (ONU) por “racismo de Estado”. “É apenas o começo. Com Bolsonaro, o racismo é uma política de Estado do Brasil, do seu presidente e do seu governo”, disse Cárdenas.
E ontem, Evo Morales, desconsiderando leis de seu país e de protocolos assumidos e assinados frente à ONU (ACNUR) entregou Cesari Battisti ao governo de extrema-direita italiano.
Para a “vitória” de Salvini, Bolsonaro e de todos os governos direitistas do mundo.
A história não contada sobre Cesare Battisti:
https://www.brasildefato.com.br/2019/01/13/preso-na-bolivia-battisti-chega-a-italia-nesta-segunda-feira-14-entenda-o-caso/
Se fossem perguntar ao Barroso, ele responderia com um discurso neojurídico elegante, polido com pitadas de psicopatia bem adequado ao momento. Barroso é um engodo estragado.
Impressionante profundidade do buraco em que estamos. S aa terra for redonda a gente sai do outro lado porem, se for plana, não tem retorno.
Isso aí Fernando, bem lembrado. Que bom que voltastes ao blog. Ressalto a calma e a civilidade no desembarque do Cesare em Roma.
E os imbecis Salvini e Bonafede foram ao aeroporto de Ciampino para receber o Battisti. Típico de dois fascistas de merda, só querem aparecer. Enquanto isto, a Itália tá se ferrando. Perguntem aos alemães, por exemplo.
Resumindo: o governo do Pai, dos Filhos e do Espírito de Porco (Moro) levou um drible da vaca do Evo Morales.
Peraí, Fernando Brito. Você está afirmando ou insinuando que contra o ativista e militante político italiano, Cesare Battisti, existem as mesmas provas de cometimento de crime que as observadas contra o inglês Ronald Bigs? Quem acompanhou o a acusação e o processo diz, por exemplo, que Battisti foi acusado de cometer um crime quando estava há quase 500 km do local no dia e hora em que o suposto crime ocorreu. Mais: Batttisti foi julgado à revelia e condenado a uma pena que não encontra respaldo na legislação brasileira. Portanto a comparação do ativista político italiano com o assaltante do trem pagador britânico NÃO pode ser feita.
A única intenção desse espetáculo todo em volta do Battisti era criar uma cortina de fumaça em volta do Queiroz que outro dia apareceu sambando no hospital
O heleno,o moro,o asno,o mulão e o filhote do olavo perderam uma tarde de domingo em prol da nada mesma.
Engoliram a baba que teimava a sair pelas bocas fedorentas e se foram pra casa murchos, a espera do próximo circo a ser montado em Brasilia.
Esses tem o valor da bosta seca,nem as moscas lhe dão bola.
Numa atitude de baixeza inimaginável, o stf autorizou a entrega de Olga Benário aos nazistas, em que pese ela estar grávida de um brasileiro. Reeditando esse momento extremamente triste de nosso judiciário (não que o STF seja alguma coisa muito além), Battisti, pai de um garoto de 2/3 anos, tem seu status de refugiado cancelado. Lamentavelmente, Evo Morales, no rastro do nosso judiciário, sem mais aquela entregou o Battisti a um governo de extrema direita. Deixando de lado o ato vergonhoso do governo boliviano, é importante discutir o assunto para ficar claro que já há algum tempo foi para o lixo o estado de direito em nosso país
Se Aécio fosse Presidente, o Avião não voltaria ¨Vazio ¨.
Voltaria cheio de farinha de quinoa… o que faz muito bem à saúde.
Em matéria de dança,a família Orange da show em hospital chic, será vque não vai pra Sapucaí, várias bofetadas no povo brasileiro,e o judiciário só olhando e dando apoio a este desgoverno!!
Primeira matéria lúcida que li sobre caso Battisti, parabéns Brito.
Luva de pelica, Brito. Por favor, nunca deixe de usa-las.
Complementando: na veia.
Lamentável mesmo foi a atitude de Evo Morales de entregar Batisti para o governo de extrema direita da Itália, quando sabemos que os dois paises não têm tratado de extradição. Pura covardia do presidente indio que já havia pisado na bola quando veio para a posse do Bozo e o cumprmentou efusivamente. Muitos poderão dizer que Batisti deveria ter ido para Venezuela, onde teria real chance de conseguir asilo, porém o italiano deve ter pensado que sua presença em solo venezuelano causaria mais problemas dos já enfrentados por Maduro e então pensou acertadamente na Bolivia de Morales só não contava com a covardia do índio.
Oi Brito, parabêns por ter voltado, melhoras para você!
Gosto muito de seus textos, mas não comento muito.
Em relação a este do caso Batisti, concordo com sua análise. O governo Boussonaro queria repatriá-lo para o Brasil para que Batisti fosse um troféu contra a esquerda comunista e lulopetista, devem ter se irritado muito de um presidente de esquerda, Evo Morales, ter entregado Batisti para a Itália.
No entanto, existe alguns erros.
Ronald Bigs, de acordo com a wikipédia, o governo brasileiro queria sim o extraditar, o reino unido é que não quiz, temendo que o Brasil exigisse presos, políticos exilados durante a ditadura militar, na Itália, apezar de Batisti ter sido condenado a prisão perpétua o cidadão pode ficar preso no máximo 30 anos.