PF conclui que Palocci mentiu. E daí? O estrago está feito

A delação premiada que a Polícia Federal aceitou, que o ministro Edson Fachin, do STF, homologou e que Sergio Moro incluiu no processo contra Lula é, segundo a própria Polícia Federal, um amontoado de mentiras e uma reunião de “versões” publicadas na mídia e encontradas pelo Google.

Monica Bergamo, na Folha, acaba de publicar as conclusões do inquérito conduzido pelo delegado federal Marcelo Daher e encerrado com palavras que não poderiam ser mais claras sobre a armação do ex-ministro da Fazenda para livrar-se das culpas e das penas acusando o ex-presidente:

A Policia Federal concluiu que as acusações feitas pelo ex-ministro Antonio Palocci, da Fazenda, sobre um caixa milionário de propinas para Lula administrado pelo banqueiro André Esteves, do BTG, não têm provas e foram todas desmentidas pela investigação –inclusive em depoimentos de testemunhas e de delatores que incriminaram o PT em outros processos.
Na semana passada, o delegado Marcelo Daher encerrou o inquérito sem indiciar os acusados e afirmando que as informações dadas por Palocci em sua delação “parecem todas terem sido encontradas em pesquisas de internet”, sem “acréscimo de elementos de corroboração, a não ser notícias de jornais”.

Pule-se a parte das considerações sobre as falhas de caráter de Palocci, já sabidas e, neste caso, esperáveis de alguém que está lutando para salvar a pele e os bolsos.

O maior e mais monstruoso crime não foi cometido por ele, mas pela mídia e pelo sistema judicial, que transformou a delação de Palocci num “santo graal” para a condenação de Lula.

Durante meses, mesmo sem qualquer elemento de prova, repetiu-se que Palocci era o “homem-bomba” e, com a sua delação mambembe inundaram-se as bancas de jornais e as telas da Globo e de outras emissoras.

Os acordos de delação premiada foram e são usados como ferramentas para despertar o clamor público, fazer jogadas suspeitas e deformar completamente o espírito da lei que criou essa figura jurídica.

Agora, não há reparação possível e o país enfrenta o caos que o uso político da Justiça criou.

É preciso, ao menos, reconhecer que este foi um processo viciado e não há outra forma justa de fazê-lo senão decretando, ainda que muito tardiamente, a parcialidade de Moro e de sua Lava Jato.

 

 

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