Menos importa, salvo para chacotas, o local onde teria sido encontrado dinheiro desviado pelo Senador Chico Rodrigues, vice-líder do governo Bolsonaro, com o qual o presidente dizia ter “quase uma união estável”.
Porque chacota, mesmo, é um governante dizer que “acabou a corupção”, como se acabar com a corrupção fosse apenas o resultado de uma vontade e não de uma política – que jamais será perfeita – de organização da máquina pública.
Publica e, aliás, também das empresas privadas, que gastam milhões com duas estruturas: o tal compliance, que combate seus desvios internos e o “planejamento tributário”, que se dedica a encontrar caminhos para burlar seus deveres de pagar imposto.
O episódio de Chico Rodrigues serve, apenas, para ilustrar, de maneira grotesca, o tipo dos homens que se elegeram na onda “anticorrupção”, a começar da família presidencial, envolvida em um já inegável tráfico de comissões recolhidas de seus nomeados.
Prometer “voadoras” em políticos corruptos é mais que demagogia barata. Foi, neste caso, um chute de Bolsonaro em si mesmo, mesmo que venha a dar um pé no lugar onde o senador guardou o dinheiro surrupiado.