Mandetta, como Janot, vira o ‘valentão post-mortem”

A revelação de que o ex-ministro da Saúde Luiz Mandetta usou, ainda que retoricamente, a prescrição de “pegar um trezoitão e cravar” nos “filhos ruins de um presidente bom” é mais uma da série “bravatas do passado”, onde brilha a pistola jamais usada do ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot.

O senhor Mandetta teve inúmeras possibilidade de salvar vidas disparando, em lugar de balas de “38”, palavras corajosas que dissessem que a incitação presidencial para que, no auge da pandemia, as pessoas voltassem à vida normal e não o fez.

O estampido que se ouviu foi o do silêncio e nada vai dar, a Mandetta ou a Nelson Teich a dignidade de terem sido, antes de ministros de Bolsonaro, médicos à altura de seus deveres profissionais.

Aliás, ao dizer que “não se lembra” das frases mencionadas por um de seus ex-assessores no Ministério, sobre isso e sobre outras história, como a do confinamento de idosos favelados em hotéis, para deixar que o resto da população se contaminasse, a omissão do ex-ministro ajuda a deixar a população sem conhecer o fato de que esteve e está exposta a autoridades públicas que não hesitam ante a ideia de um genocídio em nome da atividade econômica.

Ainda mais que a pandemia – o mundo mostra – não passou e estamos, tomara que não, sob risco de uma grave “segunda onda” de contaminações e, portanto, de novos milhares de vidas perdidas.

Não basta “dizer que disse” ou “deixar que digam que eu disse”.

Era e é preciso dizer às pessoas que uma doença mortal, que levou mais de 152 mil de brasileiros à morte foi tratada de forma irresponsável, mais de olho no dinheiro do que nas pessoas e que os que o fizeram estão lá, ainda lá, prontos para fazê-lo de novo.

Isso é que seria ser valente.

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