Uma andorinha só não faz verão e muito menos em órgãos colegiados, como o STF.
Mas há uma revoada entre os ministros e isso tem significado. Hoje, ao menos dois sinais fortes foram emitidos.
O primeiro, a “refugada” de Luiz Fux em aceitar, de ofício, o pedido de Luiz Edson Fachin para suspender a retomada do julgamento da parcialidade de Sergio Moro: we trust, mas nem tanto que se arriscasse a “matar no peito” um tijolo que ia criar enorme polêmica entre os colegas, com quem já não anda muito bem.
O segundo, o anúncio de Cármem Lúcia de que daria um novo voto no caso, algo a que não está obrigada, já tendo proferido um voto pró-Moro em 2018 e, portanto, podendo entrar muda e sair calada da sessão de hoje. Mas aparteou Gilmar Mendes três vezes, em apoio e, numa delas, quando ele chamava um desvio da Lava Jato de “grave”, reforçou a afirmação: “gravíssimo!”
Não se espera que o ministro Nunes Marques, embora indicado por Bolsonaro, vá dar um voto contra a suspeição de Moro, o que pode levar a suspeição a um placar de até 4 a 1 na segunda turma, um cenário completamente dos atuais 2 a 2, já que Carmem Lúcia colocou seu próprio voto “sob revisão do VAR”.
Não creiam que houve uma epifania, revelações, reexames de consciência.
É a política, o processo social que, afinal, a tudo arrasta.
Há notas nos jornais de que Fux ainda planejaria bloquear – ou anular – a decretação da suspeição de Sergio Moro no pleno do Supremo Tribunal.
É possível, mas não é provável, é evidente que a usurpação de jurisdição por Moro já era a peça inicial de sua suspeição, porque induzida.
Indução com que, aliás, as instâncias superiores – com Supremo, com tudo – concordaram e das quais precisam agora, que o vento, livrar-se rapidamente,
Moro, o inquisidor, vai experimentar o sabor da fogueira, embora em fogo brando.