Diretor do Butantan diz que vacinação não vai se acelerar

Se existe alguém com credibilidade em matéria de vacinas contra a Covid no Brasil, é forçoso reconhecer que é Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan.

Trouxe uma vacina para o Brasil, sem nenhum apoio federal, e cumpriu os cronogramas de entrega.

O Instituto é responsável por quase 90% das vacinas entregues ao povo brasileiro até agora.

Se achamos nossa vacinação insuficiente, ela seria nove vezes menor do que é e o Brasil estaria com menos de 2% de sua população vacinada.

É, portanto, gravíssimo o que ele diz na entrevista que será publicada amanhã na edição do Valor Econômico, que o jornal antecipa, em trechos, hoje em seu site.

Nela, Covas diz que “não é realista esperar uma rápida aceleração no número de pessoas vacinadas nos próximos meses. Pelos seus cálculos, até julho o que o país deverá conseguir é vacinar a faixa da população mais vulnerável à doença”.

“Com o pé no chão, até o meio do ano você vai ter uma vacinação provavelmente de quem tem mais de 60 anos e provavelmente pode avançar um pouco mais na faixa dos 50 anos, incluindo também outros profissionais em risco”, disse ele. “É isso que nós teremos até o meio do ano. Estamos falando de 40 ou 50 milhões de pessoas. E 100 milhões de doses de vacina.”

Portanto, na visão de Covas, da promessa do Governo Federal de vacinar, até o meio do ano, metade da população, só um quarto dos brasileiros será vacinado.

O presidente do Butantan prevê dificuldades não só para outros fornecedores de vacinas, mas para o próprio Butantan: “Ainda que a Sinovac se prepare para inaugurar uma nova planta na China em maio e com isso aumentar sua capacidade de exportação de insumos, a demanda pela substância na própria China está muito aquecida. O risco é que a empresa tenha de dar preferência à demanda chinesa e não à brasileira.”, relata o Valor.

O prognostico de Covas deixa obviamente implícitas dificuldades da Fiocruz para a entrega a Astrazêneca, que, em tese, deveria entregar até julho 104 milhões de doses. Mas que só entregou 4 milhões, até agora.

O ministro Queiroga continua falando em vacinar 1 milhão de pessoas por dia. Pode até alcançar este número, mas não tem com sustentá-lo, pela falta de vacinas.

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