O primeiro chanceler do golpe de 1964, Juracy Magalhães, autor da famosa frase de que “O que é bom para os EUA é bom para o Brasil”, não entenderia nada.
Mas o fato é que temos um governo tão sabujo aos grandes interesses econômicos internacionais que chegamos à situação absurda de termos o governo dos Estados Unidos defendendo a suspensão dos direitos de patente das vacinas contra a Covid e o governo brasileiro, pelo menos até agora, defendendo os privilégios de fabricação dos imunizantes pelas grandes farmacêuticas, a maioria delas norte-americanas.
Dia 1°, o Estadão registrava:
O Estadão apurou que o presidente da Casa, Arthur Lira (Progressistas-AL), trata o tema como a última de suas prioridades e já avisou que “não vai nem olhar” para esse assunto. Com exceção de nomes da oposição, a maioria dos líderes de partido evita declarar apoio. O governo de Jair Bolsonaro é contra.
Já tinha feito isso no ano passado, quando África do Sul e Índia tentaram, na Organização do Comércio, a revogação da proteção patentária a imunizantes para a Covid, acompanhando os EUA da era Trump.
É curioso que o presidente que avalizou esta posição seja o mesmo que vocifera contra as vacinas por elas custarem caro e que, por isso, as farmacêuticas estariam em campanha contra a santa cloroquina.
E ele não está só: os empresários da indústria farmacêutica”brasileira” -boa parte multinacional ou “licenciada”- também são contra.
Portanto, se não houver uma firme ação estatal – e está difícil que isso ocorra – de pouco adiantará que as patentes sejam quebradas ou, pelo menos, suspensas:só os laboratórios estatais poderiam ter condições técnicas de fazer uma “formulação reversa” das vacinas, complicada e cara, mas indispensável para a produção nacional.