A decisão do Banco Central de subir para 4,5% a taxa básica de juros (a Selic) tem várias leituras.
A primeira é a de que o governo aceitou que e a taxa de inflação deste ano ficará perto de 7%, com uma taxa de juros bem parecida a isso, porque se fala no mercado que ao menos a 6,25% deve estar a Selic ao final do ano.
É o nível do final do Governo Temer.
Essa seria a tal “taxa neutra”, que não estimula nem desestimula o investimento.
Portanto, deixa de lado a política de 2019 e 2020, em que os juros baixos indicavam estímulo ao investimento o que, em tese, indicaria uma economia capaz de ganhar mais em serviços e produção que numa especulação financeira que ficaria abaixo da inflação.
Não é bem assim, porque temos uma economia estrangulada por diversos lados. Os juros, na falta de programas governamentais, são muito mais altos que isso e seguem proibitivos para os pequenos empresários.
E, de quebra, uma crise energética que torna incertos os “apagões” e certos os aumentos cavalares nas contas de energia para consumo doméstico, industrial e comercial.
Além disso, a crescente possibilidade de disparada nos casos e mortes, que voltaram a superar a média de 2 mil casos diários, podem forçar novas restrições – apesar da oposição de Bolsonaro – à circulação de pessoas e, assim, à atividade econômica.
Na prática, o Banco Central, só em tesa independente, acredita que a economia pode crescer sobre suas próprias pernas, exclusivamente, e o Estado deve estar ausente.
Absolutamente o contrário que, lá na “matriz”, se faz.
A ver como iremos andar na corda bamba dos próximos meses.