Terceira via é “quem quer ser o anti-Lula”

Esta história de “Terceira Via” é das maiores mistificações que já vi na política, porque coloca um falso dilema, numa eleição em dois turnos, concebida exatamente para ter, ao fim, dois caminhos e, antes deles, várias vias que, por diversos caminhos, levem à escolha daqueles.

O problema dos candidatos a “Terceira Via” não é Jair Bolsonaro e nem é Lula. São eles próprios.

Nenhum dos candidatos que aspiram este lugar que consegue encarnar nem a negação de Bolsonaro, que define o voto, segundo tudo o que se pode medir pela pesquisas, de perto de 60% dos brasileiros, nem a negação a Lula, que motiva o voto de pouco mais de 30% dos eleitores.

Os que não aceitam nem um nem outro, 10%, são uma parte bem próxima dos que, quaisquer que fossem os candidatos, votariam branco ou nulo.

É provável que isso se dê, essencialmente, porque aos ‘terceiraviistas‘ pesa o fato de que o sua ojeriza a Lula mostrou-se, em 2018, tão forte que implicou a aceitação de Bolsonaro como sua “primeira via”, assumida ou veladamente.

E segue tão forte que – salvo exceções como a de FHC, semanas atrás – que não conseguem dizer qual seria a sua opção se confirmar-se o cenário provável.

Mas não é só isso.

É que são candidaturas postas a partir de ambições pessoais, muito mais que por projetos políticos coletivos, partidários.

Ciro está no PDT, mas nunca quando o partido encarnava as posições de Leonel Brizola; Doria marginalizou toda as oligarquias tradicionais do PSDB paulista em sua velocíssima ascensão no partido; Mandetta e Eduardo Leite tem trajetórias modestas e Sérgio Moro, depois de entrar e sair do governo Bolsonaro, foi abatido pela declaração de imcompetência e suspeição como ex-juiz, preservando apenas uma periferia do bolsonarismo.

É por isso que seus “batedores” na mídia, que dissimulam seus caminhos fantasia a historinha do “Lula, deixe de ser franco-favorito e seja vice”. Não podem assumir que, de verdade, esperam, por que suas chances eleitorais repousam num improvável derretimento tão grande de Jair Bolsonaro que seja capaz de colocar um deles – e não ao atual presidente – como o candidato anti-Lula em 22.

Aí está o que pretendem – ainda que não sejam pessoalmente comparáveis a Bolsonaro – como semelhantes a ele em significação política.

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