Maus prenúncios para agosto, na economia e na política

Os jornais acordaram hoje para o óbvio: o tempo excepcionalmente frio, com geadas generalizadas e até alguns pontos de neve, nas serras, vai empurrar para cima não apenas os preços dos alimntos vegetais como, por reflexo na alimentação animal, também os valores das carnes e ovos.

O que, além de inflação alta em julho – perto de 1%, implica em algo pior: mantendo-se alta em agosto e desacelerando o consumo pela queda de renda.

Alívio, mesmo, só com a decisão do Federal Reserve de não subir os juros, o que ajudou a produzir alguma baixa, provavelmente temporária como as anteriores, no valor do dólar, o que ajuda a mitigar os efeitos sobre o preço interno das commodities, ainda em alta.

O pequeno recesso da política, por sua vez, termina com a certeza de que, a partir da semana que vem, sobe a temperatura na CPI, com a retomada dos depoimentos e seu efeito sobre os inquéritos policiais e e judiciais sobre a compra de vacinas.

Um aquecimento e tanto, que já encontra o tempo quente entre Bolsonaro e o Judiciário batendo boca nas redes sociais sobre pandemia e voto impresso, que, por sinal, deve entrar em coma com a rejeição na comissão que, na Câmara, deve decidir por sua reprovação, apesar das manobras protelatórias do seu presidente, o deputado bolsonarista Paulo Eduardo Martins.

Os limites da “entrega da alma do Governo” ao Centrão começarão a ser testado e Paulo Guedes terá de enfrentar a possibilidade de perda do controle que lhe restava do Orçamento Público, com a possibilidade de que se recrie o Ministério do Palanejamento ou que a negociação se dê através de Ciro Nogueira.

Como se vê, um cardápio farto, variado e quase sempre indigesto para o Governo que, porém, deve ter a seu favor uma relativa estabilização de sua decadência diante da opinião pública, provocada pelo magnetismo que exercerá sobre o antilulismo que se reacende com o favoritismo aberto do ex-presidente.

Que é, mais que tudo, a razão da estagnação da tal “Terceira Via” que teima – ou finge – em não assumir que ela é antes anti-Lula que, apesar dos desaforos trocados – anti-Bolsonaro.

Sobram chances de desgosto neste agosto que, para os que crêem no velho ditado português, também tem sexta-feira, 13.

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