Disse, no post anterior, que começaria uma pressão irresistível para que, apesar de sua sabujice asquerosa a Jair Bolsonaro, o presidente da Câmara, Arthur Lira, e do Procurador Geral da República, Augusto Aras, a exemplo do que, finalmente, fez o presidente do STF, Luiz Fux, rejeitando as ameaças de Jair Bolsonaro ao processo eleitoral.
E essa cobrança começou: a Folha lançou, à noitinha, o texto de um forte editorial cobrando que se reaja aos desafios presidenciais. Intitulado Ensaio de ditador, traça um desenho realista de nossa situação:
Há loucura e há método na sequência de investidas contra a democracia e o sistema eleitoral, ao passo que o país é duramente castigado pela ausência de governo. São demasiadas horas perdidas com mentiras, picuinhas e bravatas enquanto brasileiros adoecem, morrem e empobrecem.
Os danos na saúde, na educação e no meio ambiente, cujos ministérios têm sido ocupados por estafermos, serão sentidos ao longo de gerações.
Os juros sobem e a perspectiva de crescimento cai quando há nada menos que 14,8 milhões de desempregados. A disparada nos preços de energia e comida vitima os mais pobres. Artimanhas para burlar a prudência orçamentária afugentam investidores.
Aqui a insânia encontra o cálculo. Ao protótipo de ditador cujo governo fracassou, resta enxovalhar as instituições e ameaçá-las de ruptura pela força.
E cobra, de maneira dura, reação do Ministério Público e do Legislativo a quem se “associam a uma figura que se pudesse fecharia o Congresso, o Ministério Público e o Supremo”:
Falta ao procurador Augusto Aras perceber que a vaga que ambiciona no STF de nada valeria em um regime de exceção; ao deputado Arthur Lira (PP-AL), que a pusilanimidade de hoje não seria recompensada com mais poder em uma ditadura.
Falta, ao editorial, a mesma cobrança ao presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco, que está se escondendo diante de uma crise institucional de grau inaudito na República. O Sr. Rodrigo Pacheco não pode assumir a postura de despachante de luxo, na base de “o que vier, vamos examinar serenamente”, como se pudesse ser sereno com a demolição da democracia.
Como falta esclarecer a opinião pública que não se está propondo um “voto impresso auditável”, mas a apuração da votação pelo voto que for impresso e não a simples confrontação do resultado eletrônico com impressos que ficariam invioláveis dentro das urnas.
Não estamos diante de uma reivindicação de segurança nas urnas, mas de pressão sobre o eleitor.