O bolsonaríssimo senador Luiz Carlos Heinze, famoso na CPI da Covid por citar, todos os dias, a cidadezinha catarinense de Racho Queimado (de menos de 3 mil habitantes) como prova de que a cloroquina é infalível contra o coronavírus, acaba de cair nas malhas da…CPI da Covid.
Reportagem de Constança Resende e Vinícius Sassine, na Folha, mostra que o senador, apesar da obtusidade que marca sua atuação, é bem esperto quando se trata de fazer lobby para negócios. Telefonemas, reuniões e “jeitinhos” provam que ele estava agindo intensamente para trazer para empresas veterinárias do Brasil o envasamento das suspeitíssimas vacinas indianas da Covaxin, que estão na mira das investigações de falcatruas no Ministério da Saúde.
Segundo relatos do embaixador brasileiro na Índia, André Aranha Corrêa do Lago, disse que o senador “Heinze lhe comunicou que três empresas brasileiras de saúde animal estariam em tratativas com a Bharat Biotech (que produz a Covaxin) para adaptar suas plantas à produção de vacinas contra o coronavírus”, todas elas com acordos contratuais com a Precisa Medicamentos: a Boehringer, Ourofino e Ceva.
Já não é papel de senador fazer lobby, que dirá fazê-lo em favor de uma empresa que está sob investigação de uma CPI que ele próprio integra.
É a encarnação perfeita do “negocionismo” que imperou na Saúde brasileira.
Sua “defesa” é a de, candidamente, dizer que sua intenção, “era de viabilizar a produção de vacinas e permitir a imunização dos brasileiros”
Ainda que até agora não se tenha levantado o tema, é inevitável que se peça o afastamento de Heinze da CPI.
Talvez isso só se iniba porque quem assumiria seu lugar é o senador Flávio Bolsonaro.