Jair Bolsonaro disse que há um novo aumento dos combustíveis sendo preparado, para daqui a 20 dias e que “isso não pode acontecer”.
Ameaçou de novo privatizar a empresa, porque ela não põe “nada de bom do seu colo” e que vai “acabar com o monopólio”.
Que monopólio?
Bolsonaro e a mídia esquecem-se, de forma conveniente, que não há mais monopólio do petróleo no Brasil.
Toda e qualquer empresa pode concorrer na exploração de poços de petróleo; as refinarias (que já não eram monopólio) estão sendo vendidas a grupos privados e a distribuidora que pertencia à estatal já foi passada nos cobres faz tempo, inclusive com a valiosíssima marca BR Distribuidora, que está sendo destruída para tornar-se Vibra Energia, embora se vá manter o nome dos postos com o BR mais que bem sucedido.
É uma bobagem dizer que “haverá concorrência” nas refinarias agora privadas, porque a logística é que determina os pontos de carregamento dos caminhões tanque, pela óbvia razão de que o frete de longas distâncias, para aproveitar “ofertas mais baratas”, não compensa os poucos centavos que se puder poupar.
Ninguém vai levar gasolina do Rio Grande do Sul para a Bahia, ou vice versa, mas a falta de um indicativo de preço nacional pode fazer exatamente o contrário: obrigar a pagar preços mais altos com base no critério geográfico.
O fato é que, ao proclamar-se “impotente” para definir uma política para a Petrobras – nem para o setor de energia, basta ver a questão elétrica – e, de resto, para absolutamente nada que diga respeito à economia do país, Bolsonaro bate e rebate a tecla do “não me deixam governar”.
A autovitimização e a “terceirização de culpas” são as marcas de um governo que se mantém assim diante de qualquer problema, mesmo que signifique a morte de milhares de pessoas, como aconteceu na pandemia, quando o mais importante era responsabilizar terceiros – os governadores, a máscara, a vacina, a China…- do que agir para controlar tanto quanto possível a situação.
Sob o manto da valentia arrogante, Bolsonaro é um rematado covarde, um homem que busca desculpas, em lugar de soluções.