A destruição ‘democrática’ do Brasil

Não se pode dizer que não seja bem distribuída entre os poderes a devastação que a quebra da institucionalidade iniciada nos primeiros anos da década passada e que seguiu grassando no governo eleito de Jair Bolsonaro.

Todos os poderes da República estão degradados: Executivo, Legislativo e Judiciário, com graus e personagens diversos, “avacalharam-se” diante da população e, até, diante do que costumamos chamar de “opinião pública” do dizer do Barão de Itararé, que é a opinião que se publica.

O presidente da República, que reclama todo o tempo de “problemas” que lhe caem ao colo – como se não fosse essa a vida de um gestor público, diz, na sua live que está “sem saco”, fz uma breve escala para passear de moto no Paraná e logo vai para Dubai, com uma corte avantajada, curtir o hotel de luxo pago pelos emires, sem ligar muito para colocar o país na situação de aproveitador de “jabás”.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, transformou-se num “super Eduardo Cunha”, tomando o controle do Orçamento e negociando, um a um, os recursos para deputados ávidos por reeleição , não apenas pela “reciprocidade” dos prefeitos a serem beneficiados com verbas e obras como, também, pelo “subproduto” financeiro que elas geram, em muitos casos. Os partidos políticos, reduzidos à ruína por esta “negóciação direta” e rica, não têm nem sequer a parca coesão que exibiam antes. Agora é negócio na prateleira, se não levar um, que vai ficar na “seca eleitoral”, leva outro.

O caso do PDT (e de outros partidos) na votação da PEC dos Precatórios é a maior evidência disso.

E o Judiciário, agora, vive a vergonha provocada por sua omissão diante da evidente conspirata política que deixou correr, cúmplice e/ou frouxo, que agora se exibe no desfile de Moros e Dallagnóis candidatos, transformando cada procurador e juiz deste país a ser visto como alguém que, por trás de suas decisões, mira em objetivos políticos e, agora, eleitorais.

Este é o quadro político que espera o novo governo – tão ansiado pela maioria dos brasileiros – e ele é o que se terá de mudar para fazer frente a uma situação econômica certamente mais grave que a de hoje.

E, justo por ter-se uma quadro político assim, é vital que ele consiga uma sustentação ao menos razoável no Legislativo, do contrário terá que ceder a esta corrupção dos poderes que vige hoje.

As vitórias eleitorais da esquerda, desde 2002, jamais se refletiram, com a mesma intensidade, no suporte parlamentar de seus governos. A base política, assim, teve de ser construída com alianças e, pior, com a perda de energia transformadora que o candidato ungido pelo voto popular reuniu em torno de seu nome.

É preciso encarar a escolha do novo parlamento com a mesma seriedade e empenho com que se encara a escolha presidencial.

 

 

 

 

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