Moro precisa de ‘pontos-já’ para existir em 22

Amanhã, com a definição sobre a candidatura Doria – Eduardo Leite não existe como candidato, apenas um personagem codjuvante, como são Luiz Mandetta, Alessandro Vieira, Simone Tebet e Rodrigo Pacheco – estará montado o quadro sucessório de 2022, com poucas chances de que alguma surpresa, possa vir a modificá-lo.

E nele, em princípio, apenas três peças precisam ser consideradas de per si: Lula, Bolsonaro e Sergio Moro.

O primeiro tem, no jogo das alianças políticas, o trunfo do favoritismo, que alimenta candidatos (dá votos) e ambições de governo.

O atual presidente, por óbvio, tem o governo, que irroga campanhas com obras e recursos (só o TSE acha que as campanha só se fazem com o Fundo Eleitoral).

O ex-juiz, derrotado na Lava Jato e no superministério que pensou ter ganho, tem…Não, Sergio Moro não tem nada, a não ser os resíduos de glória do seu período de justiceiro e a expectativa de que Bolsonaro siga se afundando tão profundamente que o faça ser adotado como alternativa para a direita.

É por isso que há uma diferença essencial para as possibilidades de desenvolvimento da candidatura Moro: ele precisa, ao contrário dos outros dois, apresentar resultados imediatos nas pesquisas, que o façam atrair estruturas políticas que, de outra forma, não estariam a seu lado.

Não se argumente que Bolsonaro, em 2018, não as teve, a não ser no turno final da eleições. Ele era uma surpresa, um outsider no tempo da demonização da política, uma negação ambulante do jogo democrático, saudoso da ditadura como se apresentou.

Moro não é assim: apresenta-se agora para sua “terceira temporada”: foi juiz, foi ministro e nada do que fez prevaleceu. Como juiz, terá de apresentar-se como vítima de outros juízes; como ministro, vítima do presidente que o convidou para o cargo.

Aparecer com 11 ou 12% nos levantamentos que logo estarão circulando não é lá grande coisa para quem já foi apresentado como unanimidade nacional, com alguns pontos tomados do minguante Bolsonaro e de um minguado Ciro, de vez que certamente não serão tirados ao seu antípoda, Lula.

O ex-juiz precisa, urgentemente, de pontos na pesquisa que o façam parecer o que, ao menos neste momento, não é: um candidato viável.

Sem mais que isso, será difícil a Moro mover-se com a empáfia e a vaidade que o marcam, ainda mais em terrenos onde sua capacidade não parece ser grande: a política fora dos holofotes, a tolerância absoluta da mídia e os acenos de solução aos problemas econômicos, sociais e ambientais prementes.

Joao Doria, se entrar amanhã na disputa, tem peso somente em um campo, o do imenso eleitorado paulista.

As conversas de Geraldo Alckmin e Lula, ainda que – no grau pouco concreto que têm hoje, bem pouco possam resultar em fatos – bloqueia uma via importante para o crescimento de Moro nas terras paulistas porque obriga o atual governador a ser mais o que sempre foi – o antilulista – do que o que é agora, circunstancialmente, um antibolsonarista.

A Ciro Gomes, pouco sobrou de espaço, com estes movimentos. De “segundo candidato” de muitos, passou a ser o mais isolado dos pretendentes ao Planalto. Queimou pontes à esquerda e não conseguiu uma mísera que fosse à direita.

Tende a encolher em todas as direções, inclusive a de Lula, com quem achou que polemizar lhe traria o apoio do establishment.

 

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