O chabu de Moro

Leonel Brizola definia processos eleitorais com algo que não era “uma corrida de 100 metros, mas uma maratona”.

A entrada de Sergio Moro no páreo eleitoral de 2022 lembra muito o que ouvi por tantos anos, na sabedoria do velho gaúcho.

Moro surgiu rutilante: “Resolvi ser candidato, sigam-me!”.

Com mídia à vontade, surgiu sob os holofotes da mídia que o amou, num partido que é pouco mais que uma corriola de lavajatistas, saudoso dos tempos em que era um super-herói idolatrado pelas “famílias inteiras que enchem a Avenida Paulista”, no bordão renitente das transmissões das manifestações de direita.

Elas minguaram e, no que restam, têm agora outro ídolo, a quem odeia porque ajudou a fazê-lo, como Frankenstein fez seu monstro.

Já era possível perceber que o brilhareco do lançamento da candidatura do ex-juiz não iria durar e a pesquisa Ipec, que acaba de ser divulgada (trato dela no próximo post) mostra que ele não promete ir longe, e que Lula se aproxima de um acachapante vitória no primeiro turno.

Os 48 ou 49% que o ex-presidente alcança, dependendo do cenário, são mais que suficientes para, considerados os votos válidos, passar de longe os 50% necessários a liquidar o processo na primeira volta eleitoral. São mais 3 ou quatro pontos que na mesma pesquisa feita de 16 a 20 de setembro pela mesma equipe do antigo Ibope, acima da margem de erro.

Bolsonaro perdeu um ponto dos 22 que tinha então e Moro, com todo espetáculo que se fez em torno dele, ficou com míseros 6% no cenário com todos os candidatos em disputa e meros 8% no cenário reduzido a poucos concorrentes.

Nem no Sul do país, tido como seu reduto, vai além dos 11%.

O resto, com a exceção de Ciro Gomes, que caminha para esta mesma condição, simplesmente não existe, a não ser como promoção para eleições proporcionais, agora ou mais adiante. Vai piorar, porque a pergunta óbvia é quem irá irá promover o nome de candidatos totalmente fora da disputa?

No caso de Moro, mais grave ainda, porque não tem partido, não tem povão, não tem traquejo e não oferece sequer perspectivas de liderar uma oposição.

Não se descarte um crescimento ainda maior de Lula, como também não se deve descrer que a máquina e o “Auxílio Brasil” possam dar algum pouco alento a Jair Bolsonaro.

Mas com 27 ou 28% de vantagem, é muito improvável que venha a ser o suficiente, ainda mais se Moro continuar tirando-lhe um naco do eleitorado de direita.

Ainda esta semana sai o Datafolha e, com um resultado semelhante, a candidatura do ex-juiz vai murchar com a rapidez com que os conservadores esperavam vê-la crescer.

 

 

 

 

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