Os donos da grana

 

O Estadão publica hoje um levantamento sobre o quanto representa o controle pelo Congresso sobre o já quase nada que há de investimentos públicos no Brasil e o resultado é aterrador: 53% dos cerca de R$ 50 bilhões que há para investir em obras e serviços públicos em todo o país estão na mão dos 513 deputados e 81 senadores.

Pior ainda, um em cada três reais destinados a estas imensas necessidades são das chamadas “emendas de relator”, o tal “orçamento secreto” e, portanto, estão sob o controle direto de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco que, por indicarem os relatores da Câmara e no Senado, indicam também quais dos parlamentares serão “agraciados” com recursos públicos para levarem às suas bases e também para seus amigos e parentes que proliferam nas prefeituras.

Além da escandalosa imoralidade, há um dano que vai muito além: tornou-se virtualmente impossível executar políticas públicas no país, porque os recursos estão todos comprometidos com pequenas obras locais, incapazes de gerar sinergias econômicas, mas produtoras de votos e de oligarquias que se eternizam nos poderes locais.

Lira e Pacheco tornaram-se donos de um legislativo desfigurado, “uma feira”, para usar as declarações do líder da oposição, deputado Alessandro Molon.

Investir cada centavo do curto Orçamento da União naquilo que corresponda não só as necessidades urgentes das comunidades, mas de forma que produzam o maior efeito possível nos indicadores de renda e emprego é uma necessidade e será preciso fazer isso sem ficar refém de um parlamento viciado na usurpação do uso dos recursos públicos.Não se subestime, portanto, a necessidade de eleger uma bancada fortemente vinculada à manifestação popular do voto presidencial, para que se tenha força para corrigir esta deformidade.

Para governos que não governam, apenas assistem à crise é fácil abrir mão disso, mas não para quem tenha compromisso com o Brasil.

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