O Rio de Janeiro, seguindo outras capitais fortemente “carnavalescas” (Salvador e Fortaleza), finalmente cancelou os festejos de rua no Carnaval.
É curioso que, aqui, a insistência em manter os desfiles de blocos vinha mais das autoridades públicas que dos próprios foliões que organizam a atividade que se tornou a mais forte marca do carnaval carioca na última década. Banda de Ipanema à frente, os organizadores dos desfiles já vinham tomando a decisão de suspender a edição de 2022.
E a razão para isso é, claro, o dinheiro que esperam arrecadar com a cadeia de consumo carnavalesco, estimada em 2020 (antes da pandemia) e R$ 8 bilhões (valores da época, hoje perto de R$ 10 bilhões). Neste bolo, destacam-se, em valores sem correção: Rio de Janeiro, com receita de R$ 2,32 bilhões, São Paulo, R$ 1,95 bilhão, e Bahia com R$ 1,13 bilhão.
Depois, vêm Minas Gerais (R$ 748,9 milhões), Pernambuco (R$ 457,8 milhões) e Ceará (R$ 362,2 milhões).
Estes são os valores apenas nas atividades formais, basicamente serviços de alimentação, hotéis e meios de transporte. A isso, some-se o sem número de informais que vendem de tudo e mais um pouco pelas ruas, ou montando as “barraquinhas” nos pontos de concentração de pessoas.
Infelizmente, parece que não vai dar certo a estratégia de ir cedendo “aos pedaços” à constatação que a escalada de casos de Covid, que já começou e ainda nem registra o aumento do contágio com as festas de Ano Novo, vai tornando evidente que levará ao cancelamento de todos os eventos públicos de Carnaval.
Os públicos, porque os privados estão disparando: seguindo o jornal O Dia, “sites populares de venda de ingressos anunciam tickets que variam de R$ 300 a quase R$ 1 mil, em festas com diferentes atrações. Algumas delas, inclusive, são blocos de carnaval que não poderão desfilar”.
Mesmo com o “apagão” de dados oficiais, a média móvel de casos novos diários de Covid triplicou – passou de 3.090 em 28/12 para 9.874, ontem. Mantida esta taxa de expansão, vai voltar a 30 mil casos diários, em média, no início da segunda quinzena de janeiro.
“E daí?”
Ganhando bem, que mal tem?