A manchete do jornal O Globo, aí em cima, não é alarmista, é moderada.
Há dias, todos sabem que não é possível que as atividades econômicas deixem de sofrer o impacto de uma nova onda de contágio da Covid-19 que, nas palavras do diretor da OMS, Thedros Adhanom, é “um tsunami”.
Aliás, a Organização Mundial de Saúde acaba de projetar que, na Europa, metade da população vai contrair o vírus nas próximas semanas. Isso quer dizer 370 milhões de pessoas.
É óbvio que, com todos os protestos que se possa imaginar dos negacionistas, o velho continente vai parar, ou quase.
Nossa situação, por aqui, não será melhor, mesmo que o Ministério da Saúde, contra qualquer explicação lógica, esteja mantendo no escuro os dados oficiais, agora com a colaboração também dos Estados e Municípios, que não registram mais do que uma parcela dos casos identificados por seus serviços, pelos laboratórios privados, pelas farmácias e até por seus próprios postos de testagem.
As projeções que você vê aí ao lado – de que possamos em um mês estar com perto de 2 milhões de casos por dia – podem parecer irreais mas basta olhar para fora e ver que, ontem, os EUA atingiram 1,48 milhão de casos em um único dia, quando eram, um mês atrás, “apenas” 118 mil diários.
Não é um “palpite”, é a modelagem de um dos mais importantes órgão de estatísticas de Saúde, o Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) da Universidade de Washington.
Penso, porém, que inacreditável é, diante disso, estarmos ainda discutindo se haverá desfile nos sambódromos ou bailes particulares na base do “ah, mas eu testei negativo”.
Não, isso não faz parte da “liberdade individual” ou do “direito de ir e vir”, porque afeta a vida (e a morte) de terceiros. Não só os que morrem de Covid – felizmente “menos” por conta da vacinação – mas todos os que têm sua situação de saúde agravada pela sobrecarga dos serviços de saúde. Há, neste momento, médicos desaconselhando pessoas a procurarem postos de saúde ou hospitais, se puderem evitá-lo, por conta do alto grau de contágio.
Estamos desarmados diante desta explosão e, pior, temos autoridades públicas que insistem em expor o povo brasileiro, sem nenhum cuidado, a uma ameaça que está evidente, visível e grave.
Mas esqueçam: money makes the world go around.