“Dízimo do MEC”: falcatruas já não escandalizam

Infelizmente, não soa absurdo que a alegada insurreição da bancada evangélica diante da revelação de que o ministro-pastor da Educação, Mílton Ribeiro, cuidava de atender com prioridade amigos de Jair Bolsonaro, estariam abiscoitando créditos dados pelo ministério em negócios com prefeitos do interior, seja antes uma disputa de quem terá os favores e privilégios na distribuição de verbas do MEC do que uma indignação legítima contra o fato de que dois pastores espertalhões levavam vantagens indevidas.

Depois dos picaretas que surgiram negociando lotes de milhões de vacinas – e completamente impunes, depois de quase um ano de reveladas falcatruas, será que alguém ainda pode escandalizar-se com uma “ação entre amigos presidenciais?”.

Mílton Ribeiro, cujas opiniões pedagógicas incluem castigos corporais – “as crianças devem sentir dor” -recebeu o ministério por influência do pastor André Mendonça, atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Se cair, será sucedido por outro que, quase que certamente, praticará os mesmos favores, guiado agora pela “bancada evangélica” que se insurge contra Ribeiro.

O oportunismo da fé, onde os fiéis são usados como rebanhos eleitorais para abrir as porteiras dos ministérios dos cofres públicos virou algo comum e não são dois ou três amigos evangélicos que coram de vergonha com o que estão vendo fazerem os neofarisaicos.

É pior, porém, o que fazem com a consciência nacional, que perdeu, em grande parte, a capacidade de levantar o chicote contra o mercadejar da fé.

Ribeiro será só mais um na inacreditável fieira de desqualificados que Jair Bolsonaro colocou no ministério da Educação, que deveria ser a joia da coroa de um país atrasado e injusto.

Em matéria de Educação, parece que só conseguimos aprender a calcular os 10%.

 

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