General, o senhor já ouviu falar de lealdade?

O general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ministro da Defesa, deu um passo vergonhoso, hoje, para as Forças Armadas.

Ao cobrar, publicamente, que o Tribunal Superior Eleitoral dê publicidade às indagações – que, se presume, sejam técnicas – ainda em processo de confecção pelo Tribunal, incorre no que só pode ser definido como deslealdade. Porque a comissão na qual – aliás, indevidamente – o Exército participa no âmbito do Tribunal é assim, no âmbito do Tribunal, o que quer dizer que é este que regula o tempo da publicidade das contribuições (são mesmo contribuições, general?) oferecidas.

E se minha opinião for achada suspeita, veja-se o que escreve um personagem que certamente será insuspeito de esquerdismo, Merval Pereira:

“Se o Exército foi convidado de boa-fé a participar de uma comissão de transparência das urnas, a ideia é de colaboração, não de criar mais tumulto ao fazer 88 ressalvas ao sistema, muitas das quais já foram sobejamente explicadas pelo TSE.”

O general, recebido ontem pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Fux, que iria fazer esta cobrança pública, constrangendo o TSE?

Recomenda-se que o general aja como um comandante à altura do seu papel, mesmo tendo chegado a este posto pela degola do general Edson Leal Pujol, que mantinha a política fora dos quartéis e à condição de Ministro da Defesa pela conveniência eleitoral (eleitoral?) de Bolsonaro em fazer de Braga Neto o seu candidato a vice-presidente.

Fez ainda pior o general Oliveira, dizendo que fazia a cobrança porque Fachin não lhe concedeu imediata audiência, logo depois de receber do presidente da República ordens sobre como deveria dirigir-se ao TSE.

Acaso o ministro Fachin pediu-lhe audiência ou divulgou ofício para que o senhor explicasse porque colocou em sigilo de um século a participação indecorosa de um general da ativa, Eduardo Pazuello, em ato promocional de Jair Bolsonaro à frente de uma horda de motoqueiros?

Será demais que esta nação espere que seus generais sejam profissionais e legalistas, como era, aliás, a imagem do general antes de Bolsonaro colocá-lo como portador de recados sobre o processo eleitoral e ao próprio presidente do TSE?

Se Bolsonaro quer mandar recados ao a um tribunal superior, que mande o seu ministro da Justiça ou da Casa Civil, aos quais competem tarefas assim, absolutamente inexistente no escopo das definições de competência do Ministério da Defesa.

Agora, se o senhor quer dirigir o processo eleitoral e dizer como ele deve ser, assuma logo que deseja um golpe de estado e arroste as cconsequências que isso trará ao Exército brasileiro, atirado numa aventura imprudente e desastrosa.

Mais que isso, fadada a uma retirada inglória e vergonhosa.

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