Instisfeitos e esperançosos

O discurso sólido, mas ‘bem comportado’, feito hoje por Lula, na formalização de sua pré-candidatura, deixou pouco espaço para que a mídia, como sempre tenta fazer, puxasse por aspectos “negativos” da postulação do ex-presidente.

É importante, mas não é o bastante, embora, sob certo aspecto, possa ser uma preliminar do que é o essencial.

O essencial é transformar a insatisfação em esperança, porque se os insatisfeitos estivessem todos enxergando a esperança, nem estaríamos discutindo o resultados das eleições, pois qualquer esperança, hoje, passa por Lula.

E isso, sim, depende da credibilidade do candidato, algo que a direita preocupa-se, há pelo menos oito anos, em destruir em Lula, a percepção de que ele encarna esta esperança.

Juridicamente, tudo o que podia ser feito para restaurá-la foi feito e, morto o morismo, só sobrevive nos grupos bolsonaristas e numa imprensa que é incapaz da ‘autocrítica’ que tanto cobra do PT, mas que não faz por saber que se serviu politicamente da Lava Jato.

Esta questão, porém, ficou para trás. está extinta.

O que está em causa agora é se o mais importante é comprar um pedaço de músculo para a sopa das crianças ou uma Glock 9 mm.

Se vamos nos tornar apenas um país agrário, ou se vamos nos reindustrializar.

Se vamos integrar e dar vitalidade a nossas cidades ou se vamos seguir no caminho do apartheid.

Se vamos ter políticas públicas de inclusão, de educação, de saúde, ou se vamos dizer “e daí?” para isso e trocar a civilização pela barbárie.

Lula fez hoje um movimento claro, convidando todos para um governo civilizado e sem radicalismos que excedam a defesa do país e de seu povo.

Precisa fazer, e fará, o movimento necessário com os que sempre foram os seus, aqueles que, na base da intolerável pirâmide social brasileira, sofrem a cada dia para sobreviver.

Lula sabe que não pode ficar preso na “bolha” cada vez menor dos mobilizados.

E que precisa transformar insatisfeitos em esperançosos.

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