O escritor Alexandre Dumas, pai (o d’Os Três Mosqueteiros) criou, num dos seus romances, a expressão “Chercez la femme” (procurem a mulher) como conselho a que ia investigar um crime que buscasse o que seria a razão dos acontecimentos. Por óbvio, virou também “Cherchez l’argent” (procurem o dinheiro) para designar a ganância que, tanto quanto o passional, leva alguém a delinquir.
No mandado de prisão expedido pela 15a. Vara Federal de Brasília há uma pista que é quase uma conclusão.
Não é com a prevaricação (deixar de cumprir ou fazê-lo para satisfazer interesse, próprio ou de outrem), advocacia administrativa (usar o cargo para interesses de alguém) e de tráfico de influência- os três crimes já evidentes no caso – que o juiz Renato Borelli abre a lista de razões para prender preventivamente o pastor Mílton Ribeiro, ex-titular do MEC, mas o delito de corrupção passiva. Isto é, ter recebido ou aceitado promessa de receber vantagem indevida (neste caso, dinheiro), direta ou indiretamente.
É possível, portanto, que haja no inquérito que levou à sua prisão, elemento de prova de que Ribeiro recebeu (ou fez alguém receber) dinheiro das falcatruas cometidas pelos dois pastores e isso fica mais claro ao ver que Jair Bolsonaro, ao tirar o corpo fora do caso, diz que “Se a PF prendeu, tem um motivo“. Além de mostrar que sabe, Bolsonaro indica que é um fato, do contrário diria que “tem motivos” ou, mais provavelmente, nem o diria.
E não demora a vir a tona, o que vai dar materialidade e tornar mais escabroso o episódio e joga ainda mais lama no extinto discurso do “no meu governo não há corrupção”.