“Sentido figurado”

Eu vou metralhar você, mas é em sentido figurado, talquei?

É impressionante que seja essa a saída de Jair Bolsonaro para esquivar-se das responsabilidades por todo o seu discurso de ódio e assustador que as autoridades brasileiras.

Se eu ou você estivéssemos dizendo que se tinha de “metralhar” bolsonaristas estaríamos, a esta altura, respondendo a processo, com toda a razão.

A anunciada intenção de levar irmãos – que sequer estavam na festa onde Marcelo Arruda foi assassinado em Foz do Iguaçu – para darem uma entrevista negando a óbvia motivação política da agressão e que ela estaria sendo “explorada politicamente” é uma crueldade monstruosa, não apenas contra a vítima e contra sua mulher, que é categórica na descrição do fato e que tentou, de todas as formas, evitar o crime.

A atitude do presidente é mais que tentar ocultar que foi um crime de ódio, é um incentivo a que isso se repita.

E ele, infelizmente, não está só nesta empreitada satânica, tem a companhia de generais, procuradores, chefes da Polícia Federal, das estaduais e todos os que estão deixando de classificar como crime político aquilo que escancaradamente o é.

Deveriam estar, a esta altura, bloqueando o caminho para que Bolsonaro siga em sua escalada de ódio.

Infelizmente, porém, fazem da omissão e os “mimimi sobre os “dois lados da polarização”, como se a vítima tivesse ido buscar seu assassino por fanatismo político, e não o contrário.

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