Bancos não fogem do roubo, fogem da “roubada”

O Globo mostra hoje que grandes bancos estão tirando o corpo fora desta maluquice de fazer empréstimo consignado sobre o auxílio emergencial.

Como se sabe, o empréstimo pode representar um desconto de até 160 reais no auxílio, ou 40% do valor básico, excluído o bônus eleitoral de 200 reais dado por Bolsonaro até as eleições, digo, até o final do ano.

Não dá para saber quanto seria liberado, porque as taxas de juros não são tabeladas e, como o mesmo jornal, as taxas de juros do empréstimo consignado chegam, em algumas instituições, a 80% ao ano. Ou seja, taxa de agiota, a 5% ao mês.

Mas é seguro dizer que ninguém sairá disto sem pagar duas ou três vezes o que recbeu.

O jornal sugere que os bancos estariam preocupados com sua imagem pública, extorquindo dinheiro de gente miserável, muitas vezes sem comida para colocar à mesa.

Pode ser, mas desconfio que é a precaução diante de um absurdo que, com um novo governo, vá ser corrigido, com uma intervenção legal sobre os contratos que tiverem sido firmados, dos quais, como pagadora – via débito no pagamento do auxílio – a União é interveniente e, portanto, parte legitima.

Dificilmente, no mínimo, estes juros serão tabelados a posteriori e drasticamente reduzidos, possivelmente ao nível da Taxa Selic, o que seria pouco mais de 1% ao mês.

Porque, a rigor, é isso: o adiantamento, pelos bancos, de um recurso do Tesouro que é mensalmente transferido aos beneficiários do auxílio, com as mesmas condições e a mesma garantia de recebimento.

Uma medida provisória neste sentido é aprovada em 15 minutos no Congresso e não cai na Justiça.

Portanto, bancos mais prudentes estão saindo fora do que seria no futuro, para eles, uma “roubada” e que, por enquanto, é apenas um roubo.

Os bancos não ficaram “bonzinhos”. Só não são “bobinhos”.

Só aventureiros vão entrar nessa e aventuras, e cobrando muito caro. É do jogo, mas pode dar errado.

 

 

 

 

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