Há dois dias, escrevi que Bolsonaro e o “modo de não pensar” a que ele conduz o país estavam “talibanizando” o Brasil.
Creio que, depois das cenas chocantes de ontem, no Rio e em Uberaba (MG), com crianças sendo levadas a imitar operações bélicas e a manusear granadas e armas, como parte dos “festejos” do dia em que se as homenageia, não é possível deixar de entender que isso não é força de expressão.
Qual é o prazer mórbido que se pode ter vendo meninos e meninas, alguns mal aguentando o peso de coletes blindados, saindo de um veículo com “fuzis” para fazerem uma operação de guerra?
Talvez se precise encontrar algum remanescente do Exército Islâmico ou consultar livros sobre a Alemanha nazista para saber os processos mentais que levam a submeter a isso nossas crianças.
Talvez o mesmo que leve um arcebispo, como o de Aparecida, a ser vaiado por dizer que se deveria enfrentar e vencer “o dragão da fome”.
Mas esta gente, que naturalizou a barbárie, é menos perigosa do que a omissão de parte das nossas elites que também praticam o “isentismo” que atribui uma falsa equivalência, como se dos dois lados se estive travando uma “guerra religiosa” ou uma “pauta de costumes”.
Não é isso, mas a nossa sobrevivência dentro de padrões de civilização, de humanidade, de vida harmônica.
Grave é que estejamos aceitando “e daí?” para 700 mil mortes, para a discriminação e o ódio religioso, iracial e social, para a venda indiscriminada e armas e, pior ainda, para a glorificação disto, ao ponto de ser uma prática desejável até para crianças.
O que nos pode acontecer não é preciso adivinhar, basta olhar os livros de História.