Deveríamos extrair uma advertência da “queda relâmpago” da primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss: mentiras e mágicas econômicas são um cadafalso para quem se elege por meio delas.
Liz, dois dias depois de assumir, fez lá o que Bolsonaro fez aqui: congelou o preço dos combustíveis e anunciou cortes gigantes de impostos.
Nada se sustentava, mas foi o trampolim para que o Partido Conservador se agarrasse a ela como forma de recuperar-se do desastre Boris Johnson.
Deu no que deu, em apenas 44 dias.
Semana passada, um dos tablóides sensacionalistas ingleses, o Daily Star, começou a compara-la com um pé de alface (lettuce), para saber quem duraria mais até estragar-se.
Se a elite econômica brasileira – talvez seja melhor chamá-los de “endinherados” que de elite – não estivesse tão entregue à obtusidade, veria que o que Jair Bolsonaro oferece como “estabilidade econômica” não passa de uma série de casuísmos que não oferecem ao país nada para sustentar-se: nem coerência, nem previsibilidade e, claro, nem estabilidade.
Provocar uma queda artificial da inflação, para durar apenas o período eleitoral, e sair distribuindo “vales” pode servir para comprar votos, mas não compra desenvolvimento.
Parece caber certinho aqui o que diz hoje, no The Guardian um dirigente de empresas: “Não queremos mais circo, mais teatro, mais travessuras. Apenas [que o Governo] faça o seu trabalho.”
O que não parece ser a praia do atual presidente.