Não há qualquer surpresa ou imprevisto na invasão do Congresso Nacional – e a do próprio Palácio do Planalto, a ser ainda confirmada – que ocorre neste instante em Brasília.
Todos sabiam que ia acontecer e não apenas se omitiram, mas foram seus cúmplices.
As cenas patéticas de um punhado de policiais, com seus carros atirados já dentro do espelho d’água do Congresso tentando resistir a alguns milhares de fanáticos bolsonaristas, que se concentraram e se organizaram às portas do QG do Exército são absolutamente intoleráveis.
Todos os alertas foram dados e o governo da República não pode ficar nas mãos de golpistas que comandam a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, cujos efetivos são pagos, aliás, com o dinheiro da União.
Não pode o Ministro da Justiça ficar se esgoelando a pedir providências, sem contar sequer com o apoio do Ministro da Defesa, que fica inerte diante da inexplicável tolerância das Forças Armadas frente à concentração de maltas golpistas à porta do seu quartel.
Não tem conversa de “livre manifestação” que faz e consuma ameaça de invasão física dos poderes da República.
O “Capitólio brasileiro”, tantas vezes anunciado, avisado, advertido, finalmente se consuma.
Não será o suficiente para um golpe de Estado, mas é o próprio golpe de estado em marcha, acumulando força diante da leniência da República, para ocorrer mais adiante.