A “contabilidade criativa” do jornalismo-catástrofe “pagou mico” no Valor

restos

O jornal Valor deu ontem manchete, que você vê acima, sobre uma suposta manobra fiscal para elevar artificialmente o superávit primário.

O Governo teria postergado despesas, incluindo-as em “restos a pagar”, para terminar o ano com mais caixa e mostrar aos “nervosinhos” que praticava uma austeridade que não seria verdade.

Hoje, o Valor teve de pagar e assinar recibo do “mico”.

Os restos a pagar ficaram num valor que, embora maior que 2012, é menor que o da grande maioria dos (muitos) anos anteriores).

Como acontece todo o ano, fez-se o cancelamento  de R$ 17,8 bilhões dos “restos a pagar” , a maior parte de despesas empenhadas mas não processadas, ou seja, não realizadas, por qualquer motivo.

Porque empenhadas? Porque o empenho é obrigatório, no governo, para você sequer pensar em gastar algo, mesmo que desista de fazê-lo.

Isso é normal, legal e compulsório. Aliás, não inscrever despesa em restos a pagar e não cancelar o indevido são considerados crimes administrativos, punidos em lei.

Apenas para o leitor e a leitora terem uma ideia: em 2002, último ano do governo Fernando Henrique, foram inscritos R$ 25 bilhões em restos a pagar. Em valores corrigidos, os mesmos R$ 50 bi do ano passado, mesmo com um orçamento muito maior, em termos reais.

E foram cancelados, a seguir, R$ 6,6 bi, 90% disso em despesas não-processadas. Ou algo como R$ 13 bi, em valor corrigido.

Os dados são do especialista em contabilidade pública, professor Maurício Corrêa da Silva, publicados na Revista Contabilidade & Finanças de janeiro-abril de 2007 e a correção é pelo IGP-DI, por conta do Tijolaço.

O governo Dilma não apenas não está ampliando estes restos, num semi-calote, como revalidou para pagamento, em 2011, pelo Decreto 7.468, todos as inscrições de 2007, 2008 e 2009, no valor de cerca de R$ 10 bilhões, que estavam para caducar e, portanto, serem anuladas como divida.

E isso com critérios exclusivos para aquilo que de fato tinha sido efetuado.

Porque é claro que se faz acertos contábeis de final de ano na administração – pública ou privada – com gente correndo para não deixar de empenhar despesa para “não perder orçamento”.

Eu mesmo  cansei de fazer cara de paisagem para servidor ou dirigente que vinha de empenho na mão – agora é no  “token” de computador – nos últimos dias do ano.

O Valor “micou”,  não apenas porque este é um assunto desconhecido para qualquer jornalista – ou qualquer pessoa não afeita à contabilidade pública – mas porque seguiu a manada do “descalabro das contas públicas” que se tornou o jornalismo econômico brasileiro.

Como o papel aceita tudo, eles vão continuar fazendo isso.

E a gente vai atrás, de pazinha e vassoura, limpando.

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7 respostas

  1. O que FICA para o coxinha, eleitor da direita, é a mentira posta em manchetes garrafais nos veículos de comunicação do PiG.
    O desmentido ( errata) se não vai em letras minusculas na ultima pagina não é lido pois o coxinha apenas se interessa em ler o que confirma seu preconceito e ódio.
    E é isso o que interessa o Pi: desinformar para manipular os incautos. A esperança é que uma mentira dita mil vezes virar verdade.
    É a ultima e derradeira esperança do PiG para retirar o PT do governo. O problema não é retirar o PT do governo e sim o que vai ser posto no seu lugar: traidores da pátria que terminarão o que fhc começou a entrega do Brasil a quem pagar propina.
    Atingirá a direita enfim o que sempre almejou: o retorno triunfal do FMI para ditar regras e dos brasileiros mortos de fome humilhados aos departamentos de imigração do primeiro mundo.

  2. Como já disse o Delfim, não existe jornalismo econômico. Não fazem jornalismo e não entendem de economia. Apenas são porta vozes de grupos de interesse, que sabemos exatamente de quem se trata.

  3. Trabalhei em Prefeitura 43 anos. E é assim mesmo. O Prefeito tinha que cancelar as despesas empenhadas mas não processadas. Isto é a lei. Então elas, as despesas irão retornar a serem empenhadas, se necessárias, no outro exercício.

    Não são dívidas, porque não foram processadas, ou seja, nada foi feito. Não se comprou nada. Não se contratou. Nada, nadinha de nada.

    Tudo, aqui, neste País, vira notícia ruim.

    Será que os brasileiros são burros e ignorantes para serem testados assim diariamente?

  4. Se os Calhordas, Canalhas e Inescrupulosos não Sonegassem tantos Impostos, hoje na casa dos 500 BILHÕES/ANO, autorizando seus Contadores a praticarem as “Contabilidades Criativas do Mal”, ou recorrendo a Escritórios Especializados para abertura de Contas em Paraísos Fiscais, por certo, melhores números teria o Governo. Inclua ai a Organização Globo, patrocinadora do “Criança Esperança”, quanta ironia ou cinismo, e com o apoio de Instituição ligada a ONU, que se diz ética, e não apoiar iniciativas de Empresas que tem problemas com a Justiça.Mostre o DARF.

  5. … e como sempre nossa Gestora (Presidenta) não vai a tv e rádio desmontar nem desqualificar o pig.

    O Estadão fala mal da Petrobrás para milhares de paulistanos e a empresa “desmente” no seu site para meia-duzia.

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