A destruição da política é a destruição da Justiça

Os números revelados pelo Datafolha sobre o apoio ou a rejeição que os candidatos à Prefeitura de São Paulo mostram um triste retrato do que se fez com a confiança da população nas lideranças políticas e administrativas de nosso país.

Um presidente da República e um governador de Estado, não faz muito eleitos e com boa margem de votos são, hoje, os maiores “repelentes de voto” na eleição paulistana: Jair Bolsonaro, com 64% de declarações que que não teria um voto o candidato apoiado por ele, e Dória, com 59% no mesmo quesito de “anticabo eleitoral”.

O índice de rejeição (57%) a um candidato com o apoio de Lula não surpreende, pois o ex-presidente sempre enfrentou uma oposição igual ou maior a 40% na cidade mais rica do país.

O fato de ter crescido, mas não disparado, depois de anos de exposição negativa, duas condenações sob alegação de corrupção e lavagem de dinheiro e uma prisão de 580 dias numa solitária em Curitiba é, ao contrário, prova de que ele pode ser o elemento de definição da eleição paulistana, que ainda está aberta, seja pelo histórico de “balão que se esvazia” de Celso Russomanno, seja pela rejeição que Dória empresa a Bruno Covas, seja pelo fato de que o eleitorado pró-PT não se encontrou com o candidato do partido, abrindo possibilidades para que Guilherme Boulos cresça.

Fica, porém, o retrato da devastação do que a judicialização da política e que mídia e judiciário produziram, transformando a disputa eleitoral onde se confrontam, em lugar de ideias e trajetórias políticas, prontuários policiais.

A Justiça, afinal, está saindo derrotada num cenário em que quase a metade da população a vê como injusto instrumento de perseguição, a transformar uma vida limpa em ficha suja.

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